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Da Redação
Publicado em 22 de janeiro de 2014 às 22h04.
Londres - O pior da crise da dívida na Europa já passou na visão da maioria dos investidores internacionais, uma mudança na confiança refletida pela maior demanda pelos ativos financeiros da região.
Cinquenta e sete por cento dos investidores, analistas e operadores assinantes da Bloomberg disseram em uma pesquisa realizada na semana passada que os mercados de títulos da Europa deixaram de deteriorar-se. Trata-se da primeira vez em dois anos de consultas que uma maioria declarou o fim da liquidação que turvou a zona do euro e que criou dúvidas sobre a existência da moeda.
A melhoria no ânimo é visível em mercados onde neste mês o rendimento médio para possuir títulos da Grécia, da Irlanda, da Itália, de Portugal e da Espanha caiu para um recorde na história da zona do euro, segundo índices de títulos do Bank of America Merrill Lynch. Neste mês, a Irlanda vendeu títulos pela primeira vez desde a saída do seu resgate e o índice Stoxx Europe 600 está no seu patamar mais alto em seis anos.
“Os investidores estão mais construtivos a respeito da zona do euro”, disse Peter Kinsella, estrategista de moedas do Commerzbank AG em Londres e participante da pesquisa. “Mas os indicadores fundamentais continuam muito fracos”.
No centro das preocupações pela perspectiva está o desemprego, um legado da recessão da região. Perante uma taxa de desemprego recorde de 12,1 por cento e da falta de emprego para muitos dos jovens da região, 40 por cento dos consultados identificaram o desemprego como a maior ameaça à expansão europeia.
Endividamento
Vinte e nove por cento dos consultados apontaram para a dívida excessiva do setor público como o principal risco e 15 por cento citaram a austeridade dos governos. Em dezembro, a Comissão Europeia prognosticou que a dívida da região do euro equivalerá em média a cerca de 96 por cento do PIB neste ano. A Irlanda, a Grécia e a Itália estão entre os países cuja razão será superior a 100 por cento.
“Há motivos para se ter cautela no longo prazo”, disse James Butterfill, diretor de estratégia global de ações da Coutts Co. em Londres, outro participante da pesquisa.
Não obstante, a tendência para um maior otimismo entre os investidores ajuda a Europa a deixar de ser um assunto de grande preocupação quando executivos, banqueiros e responsáveis políticos começam a se reunir hoje no encontro de Davos, na Suíça, para a reunião anual do Fórum Econômico Mundial (FEM). As reuniões anteriores foram palco de debates sobre se o euro se dissolveria, e ainda um ano atrás a região continuava na maior recessão da sua história.
Perspectiva mais animada
Quarenta e nove por cento dos consultados neste mês disseram que agora a economia da zona do euro está melhorando, frente a 16 por cento que disseram o mesmo há um ano e a maior proporção desde que a pergunta foi feita pela primeira vez em setembro de 2011. Quarenta por cento disseram que a União Europeia apresenta uma das melhores oportunidades para investimentos neste ano, frente a 22 por cento em janeiro de 2013 e 8 por cento no começo de 2010.
Embora o FMI tenha elevado ontem o prognóstico de crescimento para a zona do euro neste ano de 0,9 por cento antecipado em outubro para 1 por cento, a instituição disse que a recuperação será desigual e de cerca de um terço da expansão dos EUA.
“A Europa continua sem ter um desempenho precisamente alto agora”, disse Ian Bremmer, presidente do Eurasia Group, sediado em Nova York, que assistirá à reunião do FEM em Davos.
O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, que estará em Davos e que em julho de 2012 se comprometeu a fazer “o que for preciso” para salvar o euro, foi visto de forma favorável por 71 por cento dos consultados. Como a inflação continua abaixo da meta do BCE, neste mês Draghi disse que ainda há potencial para mais ajuda se for necessário e que ele deseja observar uma confiança prolongada antes de “declarar a vitória”.
A pesquisa com 477 assinantes da Bloomberg foi realizada em 16 e 17 de janeiro pela Selzer Co., companhia sediada em Des Moines, Iowa. Sua margem de erro é de mais ou menos 4,5 pontos porcentuais.