Economia

Pilha de dólares da Argentina encolhe mesmo com controles

As reservas internacionais do banco central argentino caíram por 32 sessões seguidas, para US$ 50,2 bi na quarta-feira ante aos US$ 66,3 bi no mês anterior

BC argentino: crise econômica e o receio de vitória da oposição levam pessoas e empresas a guardarem dinheiro em espécie fora do sistema bancário (Erica Canepa/Bloomberg)

BC argentino: crise econômica e o receio de vitória da oposição levam pessoas e empresas a guardarem dinheiro em espécie fora do sistema bancário (Erica Canepa/Bloomberg)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 15 de setembro de 2019 às 08h00.

Última atualização em 15 de setembro de 2019 às 08h00.

O estoque de dólares da Argentina continua caindo: empresas e poupadores retiram dinheiro dos bancos e aumentam as chances de o governo precisar reforçar os controles de capital nas próximas semanas.

As reservas internacionais do banco central argentino caíram por 32 sessões seguidas, para US$ 50,2 bilhões na quarta-feira em relação aos US$ 66,3 bilhões no mês anterior. As reservas diminuíram em US$ 3,9 bilhões este mês, mesmo após a implementação dos controles de capital em 1º de setembro.

Os controles reduziram o ritmo da fuga de capitais em mais da metade, mas não interromperam a retirada de recursos. O movimento levanta questões sobre quanto tempo o país pode esperar sob o risco de ficar sem dólares ou se deve aumentar os controles para segurar a debandada de recursos.

A crise econômica e o receio de vitória de um governo com medidas populistas nas eleições de outubro levam muitos indivíduos e empresas a guardarem dinheiro em espécie fora do sistema bancário ou no exterior. Enquanto isso, o Fundo Monetário Internacional avalia se deve emprestar mais recursos ao país depois de ter liberado uma linha de crédito recorde de US$ 56 bilhões.

A maioria das reservas é composta por moeda em espécie que, segundo analistas, não pode ser gasto para defender o peso, como uma linha de swap da China, certos recursos do FMI e depósitos em dólar de poupadores argentinos.

Isso significa que o banco central tem menos poder de fogo do que o indicado pelas reservas. Ao considerar esses passivos, o país tinha reservas líquidas de cerca de US$ 9,7 bilhões em 31 de agosto, segundo Siobhan Morden, chefe de estratégia de câmbio para a América Latina da Amherst Pierpont Securities.

O banco central não publica dados oficiais sobre reservas líquidas, portanto, as estimativas variam. Porta-vozes do banco central e do Ministério da Fazenda não quiseram comentar.

A AR Partners, uma empresa de investimento argentina, calcula que as reservas líquidas totalizam US$ 13 bilhões, abaixo dos US$ 18 bilhões estimados antes da nova crise cambial provocada pela inesperada derrota do presidente Mauricio Macri nas primárias de 11 de agosto.

Depois que os controles de capital foram anunciados este mês, os argentinos podem comprar no máximo US$ 10 mil por mês.

Os poupadores estão preocupados com a repetição da crise de 2001, quando o governo impediu temporariamente saques em caixas eletrônicos. Essa lembrança leva alguns poupadores a retirarem dinheiro dos bancos antes de possíveis novas restrições.

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