Pessoas comemoram em frente ao crepúsculo: é difícil medir felicidade (marcos_bh/SXC.HU)
João Pedro Caleiro
Publicado em 14 de janeiro de 2014 às 18h35.
São Paulo - Muitos pesquisadores já tentaram responder a aquela pergunta tão antiga quanto a própria economia: afinal, dinheiro traz felicidade?
Nesta semana, Eugenio Proto, da Universidade de Warwick, e Aldo Rustichini, da Universidade de Minnesota, deram a sua contribuição para o debate com um estudo publicado no VoxEU, portal do Centro de Pesquisa para Política Econômica (CEPR).
A conclusão é que a felicidade está sim correlacionada com a renda per capita e atinge um pico por volta dos 33 mil dólares - o chamado "ponto da felicidade".
A partir daí, a relação estaciona e começa a declinar suavemente.
Metodologia
A dupla não foi a primeira a investigar a relação entre renda e satisfação com a vida, mas sua metodologia introduziu duas mudanças importantes.
A primeira é que as respostas individuais de cada país foram divididas em 50 graus ou "quantis". A relação entre PIB per capita e felicidade foi então investigada dentro de cada um deles, e não de forma agregada.
A segunda é que foi introduzido um "corretor" específico para cada país. A ideia era neutralizar características culturais detectadas pela Pesquisa Global de Valores que não mudam com o tempo e influenciam a percepção de felicidade.
Controvérsia
Um outro estudo, realizado pelos pesquisadores Betsey Stevenson e Justin Wolfers, chegou à uma conclusão diferente: de acordo com eles, a relação entre dinheiro e bem-estar é real e não é interrompida após um certo patamar de renda.
Ambos vão contra o famoso "paradoxo de Easterlin", resultado de uma pesquisa do economista Richard Easterlin em 1974.
Ele havia concluído que a partir de um certo ponto em que as necessidades básicas já foram atendidas, não há relação entre aumento de renda e felicidade, o que foi confirmado por outros estudos posteriores.
Além de não esgotar o debate, o trabalho de Proto e Rustichini termina com um novo questionamento: "o crescimento de longo prazo do PIB é certamente desejável nos países mais pobres, mas será que é também desejável nos países desenvolvidos?".