Economia

PIB do 3º trimestre deve vir forte apesar de desaceleração; veja o que esperar

A economia brasileira deve apresentar a terceira alta consecutiva

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 2 de dezembro de 2024 às 19h06.

Última atualização em 2 de dezembro de 2024 às 19h09.

A economia brasileira deve apresentar um crescimento entre 0,6% e 1% no terceiro trimestre de 2024, segundo economistas e relatórios consultados pela EXAME. O consenso aponta para uma alta de 0,8%.

O dado será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 3, às 9h.

Essa deve ser a terceira alta consecutiva do indicador, colocando o país no caminho de crescer mais de 3% no ano. No segundo trimestre, o PIB brasileiro cresceu 1,4%, superando as expectativas do mercado financeiro.

O consenso de economistas é que, apesar da desaceleração em relação ao trimestre anterior, o resultado demonstra a resiliência da economia.

A perspectiva positiva levou à revisão de estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ao longo de 2024. Por exemplo, a mediana do mercado no Boletim Focus, do Banco Central (BC), começou o ano com previsão de crescimento de 1,5% e agora está em 3,22%, conforme o último relatório.

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados e colunista da EXAME, projeta um crescimento de 0,8% no trimestre e um avanço de 4,1% na comparação anual.

“É um número muito forte e sinaliza um crescimento acima de 3% no ano. A economia está aquecida, crescendo acima do potencial, o que ajuda o mercado de trabalho”, avalia.

Revisões do IBGE e impacto na política monetária

Vale observa que, no terceiro trimestre, o IBGE costuma realizar revisões em seus dados, o que pode ampliar a diferença entre as expectativas do mercado e os números reais. Ele também destaca que o resultado, combinado com o atual contexto de preocupação fiscal, deve impactar as decisões do Banco Central.

“É provável que o BC precise adotar uma postura mais agressiva, aumentando os juros nas próximas reuniões, começando já com uma alta de 75 pontos-base na próxima reunião”, afirma.

Thiago Xavier, economista da Tendências Consultoria, estima um crescimento de 0,6% no trimestre, com destaque para a indústria, que deve avançar 1,4%. O setor foi favorecido pelos segmentos mais cíclicos, como a indústria de transformação e a construção civil.

”Esses setores se beneficiam das condições macroeconômicas de demanda das famílias, como indicado pela alta de bens de consumo duráveis e pela alta de segmentos do setor ligados a bens de capital, como veículos pesados”, diz Xavier.

Xavier também espera uma contribuição positiva do setor externo, com o aumento das exportações superando o das importações.

Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, prevê uma alta de 0,9%, impulsionada pelo crescimento do consumo das famílias, favorecido pelo aumento dos gastos fiscais, especialmente as transferências de renda. Ela espera uma supresa positiva no investimento, com nova alta.

“A surpresa positiva deve vir de uma nova alta do investimento, principalmente liderado pela infraestrutura, energia e saneamento, na medida que as novas concessões cumprem seus contratos, o que tem sido imune à alta de juros”, afirma.

Vitória avalia que o PIB forte não deve motivo para maior preocupação além do que já está precificado no mercado do ponto de vista da política monetária.

“A demanda maior já se reflete no comportamento da inflação de serviços, que não desacelerou esse ano. Ela segue próxima de 5% e deve continuar como ponto de atenção para o BC”, diz.

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