Economia

PIB sobe 7,7% no 3º trim., recuperando parte do que perdeu com a pandemia

Com resultado abaixo do esperado pelo mercado, economia se encontra no mesmo patamar de 2017; maior destaque do período foi a Indústria

Economia brasileira (Brian Snyder/Reuters)

Economia brasileira (Brian Snyder/Reuters)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 09h00.

Última atualização em 3 de dezembro de 2020 às 15h59.

A economia brasileira cresceu 7,7% no terceiro trimestre do ano em comparação com o período imediatamente anterior, recuperando parte os 9,7% perdidos de julho a setembro, em função da pandemia de covid-19.

O dado foi divulgado na manhã desta quinta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expectativa do mercado ficava em torno de uma alta de 8,7% no período.

O cenário político e econômico está em constante mudança no Brasil. Venha aprender o que realmente importa na EXAME Research

Na comparação anual, o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e serviços produzidos no país, mostrou retração de 3,9%, pouco maior do que os 3,5% esperados pelos analistas de mercado para a comparação. 

Com o resultado, a economia do país se encontra no mesmo patamar de 2017, com uma perda acumulada de 5% de janeiro a setembro, em relação ao mesmo período de 2019, diz o instituto.

Destaques

O mairo destaque do período foi a Indústria, que cresceu 14,8% na margem. Dentro do setor, quem puxou o avanço foi o setor de Transformação, com alta de 23,7%.

Os Serviços, por sua vez, responsáveis pelo maior peso na economia, e que têm tido mais dificuldade de se recuperar do baque inicial, aumentaram 6,3%, sem recuperar os 9,4% que perderam no segundo trimestre.

"Mesmo tendo sido retiradas as restrições de funcionamento, as pessoas ainda ficam receosas para consumir, principalmente os serviços prestados às famílias, como alojamento, alimentação, cinemas, academias e salões de beleza", diz Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, em nota.

Mesmo assim, todo os segmentos do setor tiveram alta, com destaque para comércio (15,9%) e Transporte, armazenagem e correio (12,5%).

Agropecuária, por sua vez, contraiu 0,5%. O movimento negativo, segundo o IBGE, está ligado a um ajuste de safra: “O destaque é o crescimento de 2,4% no acumulado do ano, ante uma queda de 5,1% a Indústria e 5,3% dos Serviços”, diz Rebeca. 

Na comparação anual, por outro lado, a Agropecuária teve alta de 0,4%, puxada pelo crescimento da produção e ganho de produtividade da atividade agrícola, destaca o instituto.

O consumo das famílias, que representam 65% do PIB, mostrou  expansão de 7,6%, muito parecida com o do PIB, destaca o IBGE. O número recuperou parte da perda de 11,3% no segundo trimestre. “O consumo de serviços teve crescimento, mas foi bem menor do que a queda anterior, pois as famílias não voltaram a consumir no patamar anterior à pandemia”, diz a especialista.

Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) cresceram 11%, o que, segundo Rebeca, diz mais sobre a base fraca de comparação, já que o indicador caiu 16,5% no segundo trimestre. No acumulado do ano, os investimentos ainda mostram queda de 5,5%.

No que se refere ao setor externo, as Exportações de Bens e Serviços tiveram queda de 2,1%, enquanto que as Importações de Bens e Serviços caíram 9,6% em relação ao segundo trimestre de 2020, acrescenta o IBGE.

Revisões

Como é praxe, o IBGE revisou alguns cálculos para a série histórica, como os referentes ao PIB do segundo trimestre de 2020, que foi de uma queda de 11,4% para o recuo de 10,9%.

O PIB de 2019 e de 2018 foram revisados para cima. O de 2018, de 1,3% para 1,8%, e, o de 2019,  de 1,1% para 1,4%. Essas mudanças foram incorporadas a todas as contas trimestrais.

Em 2019, a atenção fica para a melhora no desempenho dos serviços, especialmente "outros serviços", que inclui os prestados às famílias, como educação privada, saúde privada etc. "Essa categoria tem peso de cerca de 25% no total de serviços, o que pesa bastante no resultado total", diz Luana Miranda, economista e pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas, (Ibre-FGV).

Tabela I.1 - Revisão das taxas de crescimento do ano - 2019
 Antes (%)Atual (%)Dif (p.p.)
Agropecuária1,30,6-0,6
Indústria0,50,4-0,1
Serviços1,31,70,4
PIB1,11,40,3
Despesa de Consumo das Famílias1,82,20,4
Despesa de Consumo do Governo-0,4-0,40,0
Formação Bruta de Capital Fixo2,23,41,1
Exportações de Bens e Serviços-2,5-2,40,2
Importações de Bens e Serviços (-)1,11,10,0
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais.
Tabela I.2 – Revisão das taxas de crescimento do trimestre contra o mesmo trimestre do ano anterior
 1º trimestre de 20202º trimestre de 2020
 Antes (%)Atual (%)Antes (%)Atual (%)
Agropecuária1,94,01,22,5
Indústria-0,1-0,3-12,7-14,1
Serviços-0,5-0,7-11,2-10,2
PIB-0,3-0,3-11,4-10,9
Despesa de Consumo das Famílias-0,7-0,7-13,5-12,2
Despesa de Consumo do Governo0,0-0,8-8,6-8,5
Formação Bruta de Capital Fixo4,36,0-15,2-13,9
Exportações de Bens e Serviços-2,2-2,40,50,7
Importações de Bens e Serviços (-)5,15,2-14,9-14,6
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais.

Acompanhe tudo sobre:Coronavíruseconomia-brasileiraPIBPIB do Brasil

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo