Economia

PIB dos EUA cresce e tem recorde histórico no terceiro trimestre

É o valor mais alto desde que o governo americano começou a contabilizar os números, em 1947. No Twitter, o presidente Donald Trump comemorou o resultado

Donald Trump, presidente americano: economia deve sofrer no último trimestre sem estímulos e com novos casos de covid (Shealah Craighead/The White House/Divulgação)

Donald Trump, presidente americano: economia deve sofrer no último trimestre sem estímulos e com novos casos de covid (Shealah Craighead/The White House/Divulgação)

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Carolina Riveira

Publicado em 29 de outubro de 2020 às 09h53.

Última atualização em 29 de outubro de 2020 às 14h10.

O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos teve alta recorde no terceiro trimestre, com crescimento 33% na taxa anualizada entre julho e setembro. É o valor mais alto desde que o Departamento de Comércio americano começou a contabilizar os números, em 1947.

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A alta do período veio após uma queda igualmente histórica no segundo trimestre, pico da pandemia, e puxada por pacotes de estímulo do governo americano, que chegaram a 3 trilhões de dólares.

Na comparação com o segundo trimestre, a alta da economia americano foi de 7,4%, dentro das expectativas dos analistas. No trimestre anterior, havia caído 9%. Assim, apesar das altas, a economia ainda não voltou aos patamares de 2019.

O aumento do consumo foi um dos principais fatores que alavancou o resultado. O pacote de resgate do governo forneceu ajuda a muitas empresas e desempregados, aumentando os gastos dos consumidores, que por sua vez alimentaram o salto do PIB.

Mas o terceiro trimestre pode ser um retrato de bons tempos já terminados, e os números ficam incertos a partir de agora a depender da pandemia e da política. Os EUA luta contra uma segunda onda de covid-19 que pode obrigar estados a restringirem novamente a circulação, como vem acontecendo na Europa.

Na outra ponta, para o ano que vem, as projeções podem melhorar quando confirmada uma vacina. "O recrudescimento da pandemia pode suavizar a trajetória de recuperação, mas a perspectiva é positiva para o próximo ano, sobretudo considerando a agenda de vacina", escreveu o economista Arthur Mota, da Exame Research, em relatório desta quinta-feira sobre o resultado americano (veja o relatório completo e as projeções).

Enquanto a crise de saúde não termina, o desemprego segue alto, e as vagas não foram totalmente recuperadas. Há 11 milhões de pessoas há menos empregadas agora do que no começo da pandemia. Setores como restaurantes e turismo devem seguir sendo afetados por muitos meses.

O número de pedidos de auxílio-desemprego segue maior do que na crise de 2008.

Um outro relatório do Departamento do Trabalho mostrou nesta quinta-feira que 751.000 pessoas entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego na semana encerrada em 24 de outubro, contra 791.000 no período anterior.

Embora os pedidos tenham caído do recorde de 6,867 milhões em março, eles permanecem acima até mesmo do pico da crise de 2008, que era de pouco mais de 650.000 pedidos na semana.

Eleições americanas

Um novo pacote de estímulo, que poderia manter o consumo, não conseguiu avançar no Congresso, em meio a desavenças entre democratas e republicanos. Apesar das altas expectativas sobre o tema, as discussões sobre o estímulo não devem terminar até a eleição americana, em 3 de novembro.

A cinco dias da eleição, o presidente Donald Trump deve usar a recuperação do PIB como um sinal de retomada. O democrata Joe Biden está à frente nas pesquisas, mas a disputa deve ser mais apertada em estados-chave.

No Twitter, Trump falou sobreo o resultado pouco depois do anúncio e disse estar "muito feliz que esse ótimo número do PIB veio antes de 3 de novembro".

Antes da pandemia, os EUA vinham em baixa recorde das taxas de desemprego e crescimento constante do PIB, algo que poderia ajudar Trump na eleição. As mudanças geradas pela crise econômica, somadas à crise de saúde da covid-19, passaram a ser uma barreira ao presidente.

A produção norte-americana também continua abaixo do nível visto no quarto trimestre de 2019, fato que Biden deverá destacar junto com sinais de que o impulso de crescimento está perdendo força.

(Com Reuters)

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