Real: economia brasileira mantém retomada do crescimento (IltonRogerio/Getty Images)
João Pedro Caleiro
Publicado em 30 de novembro de 2018 às 09h03.
Última atualização em 30 de novembro de 2018 às 11h18.
São Paulo - O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou crescimento de 0,8% no 3º trimestre em relação ao trimestre anterior, de acordo com números divulgados nesta sexta-feira (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Foi o melhor resultado trimestral do ano até agora, o que não foi surpresa: a previsão de instituições financeiras variava entre 0,3% e 1,1%, mas com a maior parte das estimativas na faixa entre 0,7% e 0,9%.
Em relação ao mesmo período do ano anterior, a expansão da economia brasileira foi de 1,3%. Nos últimos quatro trimestres em relação aos quatro trimestres anteriores, a expansão foi de 1,4%.
Período de comparação | PIB |
3º Tri 2018 / 2º tri 2018 | 0,8% |
3º Tri 2018 / 3º Tri 2017 | 1,3% |
Acumulado 4 trimestres / 4 trimestres anteriores | 1,4% |
Valores correntes no ano (R$ bilhões) | 1716,2 |
As altas trimestrais foram de 0,7% na agropecuária, 0,5% nos serviços e 0,4% na indústria. Apesar do resultado da agropecuária ter sido o melhor, o crescimento foi mais puxado pelos serviços, que tem maior peso no conjunto do PIB.
Período de comparação | Agropec. | Indústria | Serviços |
3º Tri 2018 / 2º tri 2018 | 0,7% | 0,4% | 0,5% |
3º Tri 2018 / 3º Tri 2017 | 2,5% | 0,8% | 1,2% |
Acumulado 4 trimestres / 4 trimestres anteriores | 0,4% | 1,3% | 1,5% |
Valores correntes no ano (R$ bilhões) | 61,9 | 331,6 | 1070,5 |
Todos os setores de serviços tiveram resultado positivo no trimestre com destaque para transporte, armazenagem e correio (2,6%), Comércio (1,1%) e Atividades imobiliárias (1,0%).
De acordo com a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, o crescimento forte do transporte está ligado a uma compensação após a greve dos caminhoneiros no segundo trimestre.
Na indústria, houve alta no setor de transformação (0,8%) e no extrativo e construção (0,7%). A atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos foi a única com queda: -1,1%.
"O resultado foi influenciado, principalmente, pelo aumento da fabricação de veículos; de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis; de celulose e papel; máquinas e equipamentos; indústria farmacêutica e produtos de metal", diz o comunicado do IBGE.
Do lado da demanda, foi registrado crescimento no consumo das famílias (0,6%), consumo do governo (0,3%) e especialmente no investimento (6,6%) - um dos índices que anteciparam a crise ainda em 2013 e que indicam criação de capacidade de crescimento futura.
No entanto, a força do dado também está relacionada a uma mudança de metodologia com bens da indústria de óleo e gás passando a ser registrados como investimento e não como importação.
Período de comparação | Investimento | Cons. Fam. | Cons. Gov. |
3º Tri 2018 / 2º tri 2018 | 6,6% | 0,6% | 0,3% |
3º Tri 2018 / 3º Tri 2017 | 7,8% | 1,4% | 0,3% |
Acumulado 4 trimestres / 4 trimestres anteriores | 4,3% | 2,3% | 0,2% |
Valores correntes no ano (R$ bilhões) | 289,2 | 1.105,8 | 323,7 |
A contribuição do setor externo foi negativa, já que as exportações subiram menos (6,7%) do que as importações (10,2%), que tendem a acelerar em momentos de retomada.
Na agropecuária, o IBGE destacou o café e o algodão, que tiveram crescimento na estimativa de produção anual e ganho de produtividade de 26% e 28%, respectivamente, enquanto houve fraqueza em itens como cana de açúcar, mandioca, laranja e milho.
Na base anual, a construção caiu pela 18ª vez seguida enquanto o consumo das famílias, principal item da demanda, cresceu pela 6ª vez.
A melhora foi puxada por "indicadores macroeconômicos ao longo do trimestre como a menor taxa de juros, acesso ao crédito e uma melhora no mercado de trabalho", segundo o IBGE.
O IBGE também divulgou hoje sua revisão das taxas de crescimento anteriores, o que é praxe visto que as informações se tornam mais detalhadas com a passagem do tempo.
O crescimento do ano de 2017 foi revisado de 1% para 1,1%, e o resultado do primeiro trimestre do ano na base anual foi mantido em 1,2%, enquanto o do segundo trimestre foi revisado para baixo, de 1% para 0,9%.