Economia

PIB deverá crescer 3% no 4º trimestre de 2020, diz Mendonça de Barros

Para o economista, é "óbvio" que o crescimento econômico do Brasil voltará a ter uma expansão mais forte nos próximos anos

PIB brasileiro: ex-presidente do BNDES acredita que o país acelerará o crescimento nos próximos anos (Bruno Domingos/Reuters)

PIB brasileiro: ex-presidente do BNDES acredita que o país acelerará o crescimento nos próximos anos (Bruno Domingos/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de outubro de 2019 às 14h46.

Ex-presidente do BNDES e ex-ministro das Comunicações, o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros estimou que a economia brasileira deve chegar ao quarto trimestre do ano que vem com um ritmo de crescimento de 3% em relação ao último trimestre deste ano. "Essa será a velocidade do cruzeiro enquanto algumas mudanças estruturais não forem feitas", disse Mendonça de Barros que participa de painel sobre cenário econômico para o ano que vem, no Brasil Financial Summit 2019.

Para o economista, é "óbvio" que o PIB voltará a ter uma expansão mais forte nos próximos anos. "Os juros estão mais baixos, os bancos estão aumentando a oferta de crédito, há estabilidade de conta corrente, então é óbvio que vai subir", disse.

Mendonça de Barros também defendeu a política monetária liderada pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, ao rebater um comentário feito no mesmo painel pelo estrategista-chefe da Financial Eleven, Adeodato Volpi Netto, que mostrou preocupação com o ritmo de queda da Selic.

Volpi Netto alertou que a estrutura da economia brasileira pode não estar preparada para juros tão baixos. Para ele, a inflação pode ficar "marginalmente maior" por uma combinação de fatores que seriam a retomada da economia, recomposições nas margens das empresas e um problema fiscal ainda persistente. "Gostaria de ver um BC mais pragmático, reconhecendo seu mandato, e ter um pouco mais de cautela. Não convergimos para esse cenário de Selic de 4% ou 3,75% sem avanço estrutural", disse o estrategista, que prevê a taxa caindo para 4,75%.

Mendonça de Barros lembrou a amizade que tinha com o economista Roberto Campos, avô de Roberto Campos Neto, para brincar que quem criticar o neto terá de "se ver com ele". O ex-presidente do BNDES acredita que o presidente do BC tem tido "coragem paralela ao que o avô teve em determinado momento da história".

"Acho injustiça com o Roberto Campos Neto, quando dizem que ele foi longe demais em relação à inflação. Mas ele está cumprindo o que está no sistema de metas. Quando há hiato de produto, que continua a aumentar, é para continuar reduzindo juros. Se precisar, lá na frente volta a subir", afirmou Mendonça de Barros.

Para ele, os avanços estruturais vão continuar ocorrendo com o próximo governo, com outro presidente, que deverá seguir a mesma agenda de Jair Bolsonaro. Mendonça de Barros afirmou que eleger Bolsonaro foi um ato de desespero da sociedade, para evitar a volta do PT. "Mas é um cara que não tem nada a ver conosco", disse. "Acredito que o próximo presidente será um defensor dos princípios liberais e mais de acordo com nossa sociedade", acrescentou.

Volpi Netto, depois, pediu a palavra para fazer a sua réplica. Ele negou que tenha feito críticas às decisões de política monetária tomadas até o momento. No entanto, acredita que há excesso de otimismo dos agentes nas projeções para os próximos passos do BC. "Não dá para esquecer riscos, externos e fiscais, e não somos tão eficientes em canais de transmissão de política monetária", argumentou.

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