Montadoras: analistas veem uma alta mais disseminada da economia (Germano Lüders/Exame)
João Pedro Caleiro
Publicado em 28 de fevereiro de 2018 às 17h32.
Última atualização em 28 de fevereiro de 2018 às 18h32.
O resultado do PIB brasileiro de 2017 sai na quinta-feira (29) e deve confirmar a saída do país de uma recessão histórica.
A expansão deve ser a primeira após dois anos seguidos de contração, quando o país acumulou perda de mais de 7% do produto, no pior resultado da série histórica de mais de 100 anos do PIB.
O número esperado ainda é modesto, mas analistas veem uma alta mais disseminada e com investimentos surpreendendo pelo segundo trimestre seguido, o que pode sinalizar um crescimento mais sólido em 2018.
O PIB cresceu 1,1% nos quatro trimestres acumulados do último ano, segundo mediana das estimativas apuradas pela Bloomberg, reforçando os sinais iniciais de recuperação após a queda da inflação permitir ao Banco Central cortar os juros a partir do final de 2016.
O crescimento em dezembro sobre mesmo mês do ano passado é estimado em 2,6% e a expansão no último trimestre do ano sobre o trimestre anterior é prevista em 0,4%.
Se confirmada, a expansão de 2017 se seguirá às quedas de 3,5% em 2016 e 3,5% em 2015. O Brasil já teve quedas superiores de PIB em anos isolados, após o Plano Collor nos anos 90 e na crise que se seguiu à desvalorização cambial dos anos 80, e também já teve duas recessões seguidas durante a grande depressão dos anos 30, mas em nenhum destes períodos a perda acumulada em dois anos foi tão profunda.
O PIB de 2017 deve consolidar o processo de crescimento, que está ficando cada vez mais disseminado, diz Alberto Ramos, economista sênior do Goldman Sachs.
O banco, que espera +0,5% m/m e +2,7% a/a para PIB do 4T17, projeta contribuição positiva do setor de serviços e indústria.
“No lado da demanda, consumo das famílias segue como locomotiva do crescimento, com formação bruta de capital fixo acelerando em relação ao terceiro trimestre”.
Ramos destaca ainda números positivos crescentes na área do investimento, embora admita que a "dinâmica é boa, mas nada espetacular". O Goldman projeta crescimento de 2,7% para 2018, com viés de alta.
“Percepção é de que fechamos 2017 com um resultado mais diversificado do que estávamos no começo do ano passado, com praticamente todos os segmentos com crescimento”, diz Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.
“No dado que será divulgado, número que vai chamar mais atenção será investimento, ajudando a jogar o número trimestral para cima”.
"Leitura geral é que, de fato, a economia está ganhando tração. Uma notícia boa é do lado do investimento, que está mostrando sinais de alguma retomada”, diz Mauricio Oreng, estrategista sênior do Rabobank no Brasil.
“Não vejo motivo para um mega salto do investimento ao longo do ano que vem, em função do quadro de reformas. Não é uma disparada da atividade, mas estamos vendo a recuperação se espalhar por vários setores. Projeção para PIB 2018 é de 2,2%, com viés de alta".
Este deve ser mais um trimestre em que o investimento externo adiciona uma taxa relativamente forte ao PIB, mostrando um bom crescimento na margem, diz Rodrigo Melo, economista-chefe do Icatu Vanguarda.
“Há também um bom crescimento da formação bruta do capital fixo e o consumo deve desacelerar. As expectativas são boas e o dado acaba sugerindo um bom início de 2018, para o qual prevemos 3,2% de crescimento”.
Um eventual resultado mais forte do PIB pode influenciar o Copom, diz Anna Reis, economista da GAP Asset Management.
“Se PIB 2017 vier em linha não muda o Copom, mas se vier surpresa forte deve deixar Copom mais cauteloso, enquanto aberturas fracas podem dar conforto para mais alívio". A economista diz que “risco é para baixo" para inflação em fevereiro e espera corte de 0,25pp da Selic em março.