Itaú Unibanco: "Se a economia não parar de cair no segundo semestre, a recessão este ano pode ser superior aos 4% que projetamos" (Sergio Moraes / Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de fevereiro de 2016 às 13h55.
São Paulo - O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil calculado pelo Itaú Unibanco, o Pibiu, registrou queda de 3,5% em 2015, o pior resultado desde o início da série histórica do indicador, em 2003.
O índice mostrou baixa de 0,7% em dezembro ante novembro, com ajuste sazonal. Já no quarto trimestre houve contração de 1,8% ante o terceiro e recuo de 6,1% frente ao quarto trimestre de 2014. Para janeiro, o Itaú projeta que o Pibiu deve cair 0,3%.
Em relação ao PIB oficial, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o Itaú estima queda de 3,9% em 2015 e 4,0% em 2016.
O crescimento voltaria somente em 2017, com alta de 0,3%. Para as variações trimestrais na margem, o banco vê queda de 1,8% no quarto trimestre de 2015, baixa de 1,1% no primeiro trimestre deste ano, retrações de 0,3% no segundo e no terceiro trimestre e contração de 0,2% no quarto.
O PIB ruim do quarto trimestre do ano passado fez o Itaú Unibanco rever sua projeção para o PIB deste ano, agora para retração de 4%. Segundo o economista-chefe do banco, Ilan Goldfajn, o carrego estatístico de 2015 para 2016 é de -2,6%.
"Se a economia não parar de cair no segundo semestre, a recessão este ano pode ser superior aos 4% que projetamos", comentou.
Para ele, não há nenhuma notícia que faça a economia melhorar na segunda metade deste ano. Mas isso ocorrerá simplesmente porque o ajuste que precisaria ser feito já ocorreu.
"Recessão tem a ver não só com fluxo, mas com nível", afirmou.
Em relação à economia global, Goldfajn diz que 2016 começou bastante conturbado, com os mercados financeiros passando "de um pânico para o outro".
Mesmo assim, ele não acredita que o mundo caminha para uma nova recessão. "Quem achava que o mundo explodiria de crescer, se decepcionou. Nós teremos um crescimento moderado", afirmou.
Segundo ele, a turbulência global atual tem algo de profecia autorrealizável.
"Não há um único indicador que veio muito pior do que o esperado. Em algum momento os mercados vão se acalmar", explica.