PIB do Brasil: resultado anual superou as expectativas do mercado no início do ano (Getty Images/Getty Images)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 7 de março de 2025 às 09h02.
Última atualização em 7 de março de 2025 às 15h47.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 3,4% no acumulado de 2024, totalizando R$ 11,7 trilhões. Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, divulgado nesta sexta-feira, 7, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa é a maior alta anual desde 2021.
No quarto trimestre, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, a economia desacelerou e cresceu 0,2%, abaixo da expectativa do mercado financeiro, que esperava uma alta de 0,5%.
O crescimento da economia brasileira em 2024 foi mais alto do esperado pelo mercado no início do ano passado, que apontava um PIB anual de apenas 1,75%.
Nas últimas projeções, o governo estimou que a soma de toda a riqueza produzida no Brasil iria subir 3,5% em 2024, enquanto o mercado financeiro, no Boletim Focus, enxergou uma variação levemente menor, de 3,49%.
Durante 2024, o PIB foi impulsionado principalmente pelo avanço dos setores de serviços, indústria e o crescimento do consumo das famílias e investimentos..
Em comparação com 2023, os Serviços cresceram 3,7% e a Indústria avançou 3,3%. Na mesma comparação, a Agropecuária sofreu queda de 3,2%. O PIB per capita alcançou R$ 55.247,45, um avanço, em termos reais, de 3,0% frente ao ano anterior.
Os principais destaques do PIB pela ótica produtiva (das atividades econômicas) foram Outras atividades de serviços (5,3%), Indústria de transformação (3,8%) e Comércio (3,8%), que juntos foram responsáveis por cerca da metade do crescimento do PIB em 2024.
Na Indústria, a atividade de Construção foi o destaque positivo ao registrar alta de 4,3% em 2024, em função do crescimento da ocupação na atividade, da produção de insumos típicos e da expansão do crédito. Outras influências positivas, além da Indústria de Transformação, foi a Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, com crescimento de 3,6%.
Sob a ótica da demanda, o melhor resultado foi pelo Consumo das Famílias, que avançou 4,8% em relação a 2023. Outro destaque foi o investimento (FBCF) (7,3%), que apesar de ter crescido mais, tem peso menor que o consumo das famílias.
“Para o consumo das famílias tivemos uma conjunção positiva, como os programas de transferência de renda do governo, a continuação da melhoria do mercado de trabalho e os juros que foram, em média, mais baixos que em 2023”, diz Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
A Despesa do Consumo do Governo teve crescimento de 1,9% no ano. As Importações de Bens e Serviços apresentaram alta de 14,7% em 2024 e as Exportações cresceram 2,9%. Já a taxa de investimento em 2024 foi de 17,0% do PIB, maior que em 2023, quando foi de 16,4%. A taxa de poupança, por sua vez, ficou em 14,5% em 2024 (ante 15,0% no ano anterior).
O PIB praticamente estável do quarto trimestre de 2024 segue a linha de expectativa de desaceleração da economia estimada pelo mercado para 2025. Com a taxa de juros de 13,25% e alta da inflação, o consumo das famílias recuou, mas os investimentos cresceram. Entre os setores, a Indústria variou 0,3%, enquanto os Serviços tiveram variação de 0,1%. A Agropecuária recuou 2,3%.
“No quarto trimestre de 2024 o que chama atenção é que o PIB ficou praticamente estável, com crescimento nos investimentos, mas com queda no consumo das famílias. Isso porque no quarto trimestre tivemos um pouco de aceleração da inflação, principalmente a de alimentos. Continuamos tendo melhoria no mercado de trabalho, mas com uma taxa já não tão alta. E os juros começaram a subir em setembro do ano passado, o que já impactou no quarto trimestre”, disse Palis.
Nas atividades industriais, destaque para a alta na Construção (2,5%), nas Indústrias de Transformação (0,8%) e nas Indústrias Extrativas (0,7%). Já a atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos registrou queda de -1,2%.
Nos Serviços, as atividades de Transporte, armazenagem e correio (0,4%) e Comércio (0,3%) registraram variação positiva. Houve estabilidade para Atividades imobiliárias (0,1%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,0%) e Outras atividades de serviços (-0,1%). As Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (-0,3%) e Informação e comunicação (-0,4%) apresentaram resultados negativos.
Pela ótica da demanda, houve queda da Despesa de Consumo das Famílias (-1,0%) , elevação da Despesa de Consumo do Governo (0,6%) e da Formação Bruta de Capital Fixo (0,4%).
No que se refere ao setor externo, as Exportações de Bens e Serviços caíram -1,3%, enquanto as Importações de Bens e Serviços ficaram estáveis -0,1% nesta comparação.
O PIB (sigla para Produto Interno Bruto) consiste na soma de todos os bens e serviços que foram produzidos em um território ao longo de um período. Para o cálculo do PIB, considera-se o resultado na moeda local do país.