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Publicado em 25 de outubro de 2024 às 21h58.
O Conselho de Administração da Petrobras aprovou, nesta sexta-feira, 25, a continuidade da implantação da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN-III), localizada em Três Lagoas (MS). Essa decisão está alinhada com a orientação do governo federal para reativar a participação da estatal no segmento de fertilizantes, setor anteriormente considerado pouco atrativo.
Segundo a Petrobras, o projeto passou por uma criteriosa reavaliação, demonstrando ser economicamente viável. O gerente-geral de Programas de Investimentos da Petrobras, Wilson Guilherme da Silva, esclareceu que a aprovação do conselho não significa uma retomada imediata das obras, mas sim a inclusão de R$ 3,5 bilhões no orçamento para a conclusão do empreendimento.
Guilherme anunciou que, em novembro, a estatal iniciará o processo licitatório para a contratação das empresas que irão finalizar a obra, com prioridade para empresas nacionais. Ainda será realizada uma nova análise para confirmar a viabilidade econômica da planta. A previsão é que o projeto seja retomado em junho de 2025.
A construção da UFN-III começou em 2011, mas foi interrompida em 2014 devido a problemas de desempenho do consórcio responsável, formado por Galvão Engenharia e Sinopec. A Petrobras manteve esforços para preservar a unidade durante os dez anos seguintes, quando 81% da obra já estava concluída e foram investidos R$ 3,9 bilhões.
Wilson Guilherme esclareceu que, apesar da paralisação, a obra sofreu um processo de deterioração natural ao longo do tempo, o que significa que a conclusão não requer apenas os 19% restantes. “O projeto foi descontinuado por baixa produtividade do consórcio contratado para fazer a obra”, afirmou.
Guilherme ressaltou que o Brasil é um grande importador de fertilizantes e que a unidade de Três Lagoas mostrou-se atrativa em todos os cenários analisados pela Petrobras. A planta usará gás natural e água como matéria-prima, além de exigir altos padrões de segurança. A localização em Três Lagoas é estratégica, próxima dos maiores mercados consumidores do Centro-Oeste, Sul e Sudeste.
A UFN-III tem capacidade projetada para produzir cerca de 1,2 milhão de toneladas de ureia e 70 mil toneladas de amônia por ano, com previsão de início das operações em 2028. A amônia é fundamental na produção de fertilizantes e petroquímicos, enquanto a ureia é o fertilizante nitrogenado mais utilizado no Brasil, principalmente no cultivo de milho. Também é usada em outras culturas, como cana-de-açúcar, café, trigo e algodão, além de ser destinada à pecuária como suplemento alimentar.