Petrobras: Jean Paul Prates é demitido do cargo (Rafael Pereira/Agência Petrobras/Divulgação)
Publicado em 14 de maio de 2024 às 20h57.
Última atualização em 15 de maio de 2024 às 07h27.
Depois de uma série debates sobre a eventual saída de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras, a demissão se confirmou. Nesta terça-feira, 14, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou a exoneração de Prates do cargo. Com a saída, Lula escolheu Magda Chambriard, ex-diretora geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) no governo Dilma Rousseff, para chefiar a estatal.
O nome de Chambriard foi antecipado pela EXAME em março. A notícia da demissão foi adiantada pelo O Globo e confirmada pela EXAME.
"Petrobras informa que recebeu nesta noite de seu Presidente, Sr. Jean Paul Prattes, solicitação de que o Conselho de Administração da Companhia se reúna para apreciar o encerramento antecipado de seu mandato como Presidente da Petrobras de forma negociada. Adicionalmente, o Sr. Jean Paul informou que, se e uma vez aprovado o encerramento indicado, ele pretende posteriormente apresentar sua renúncia ao cargo de membro do Conselho de Administração da Petrobras", disse a empresa em nota.
Desde que Prates anunciou uma postura mais cautelosa em relação aos dividendos, e em seguida o excedente que poderia ir para pagamentos extraordinários ser colocado na reserva de capital, a companhia vinha sofrendo na bolsa. No último balanço divulgado, a empresa anunciou a distribuição de R$ 13,45 bilhões em dividendos. As ações foram negociadas em queda de 2% no pregão desta terça-feira, 14.
Nesta noite, a ADR da Petrobras cai 5,4% nas negociações pós-mercado de Nova York, após notícia da saída de Prates.
O argumento usado por Lula seria de que o ex-presidente da Petrobras não estaria entregando resultados na velocidade em que o governo esperava. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, estava presente na reunião.
Desde o início de 2024, Prates foi alvo de uma série de rumores sobre sua saída da empresa. Ele chegou ao cargo em janeiro de 2023, com o apoio do PT, após se notabilizar no Senado na defesa da empresa contra privatizações de refinarias e por militar pela criação de um fundo de equalização para os preços dos combustíveis — a medida não saiu do papel.
Em dezembro de 2023, no entanto, houve atrito entre Prates e Lula. O presidente da República chegou a afirmar que o presidente da Petrobras tinha uma "cabeça fértil" após o anúncio da criação de uma Petrobras Arábia. Em março do mesmo ano, ele precisou negar um eventual invertencionismo do governo na estatal e sinalizar a mudança na política de preços.
Em abril deste ano, a saída de Prates voltou a ser pauta. Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), estava entre os cotados para assumir a companhia. O mercado reagiu mal e as ações da companhia despencaram: a Petrobras perdeu, só naquele dia, R$ 2,5 bilhões em valor de mercado.
Com a atual demissão de Prates, a Petrobras terá um sexto presidente em três anos. A cadeira foi mudando desde o início do governo Bolsonaro, como uma forma de conter os preços dos combustíveis. A primeira demissão, desde então, foi do economista Roberto Castello Branco. Depois, quem assumiu o comando da estatal foi Joaquim Luna e Silva (2021), seguido por José Mauro Coelho (2022), Caio Paes de Andrade (2022) e, então, Jean Paul Prates (2023).
Magda foi diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) entre 2012 e 2016. Antes de ingressar na ANP, foi funcionária de carreira da Petrobras, onde trabalhou por 22 anos. Engenheira, atua como consultora na área de energia e petróleo. Ela começou a carreira na Petrobras, em 1980, na área de produção. Ela também é mestre em Engenharia Química pela COPPE/UFRJ.
Segundo seu perfil no Linkedin, Chambriard atua como diretora da Assessoria Fiscal da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro desde abril de 2021. Ela também é sócia da empresa Chambriard Engenharia e Energia desde janeiro de 2018.
(Com Agência O Globo)