Petrobras: a empresa está passando por um amplo programa de desinvestimentos (Sergio Moraes/Reuters)
Reuters
Publicado em 8 de outubro de 2019 às 13h46.
Última atualização em 8 de outubro de 2019 às 16h29.
Brasília — A Petrobras deverá encerrar o ano com apenas seis escritórios no exterior, contra 19 em 2017, em meio a um processo de cortes de custos e otimização na alocação de capital em curso, afirmou nesta terça-feira o presidente da empresa, Roberto Castello Branco.
Atualmente, segundo o executivo, a empresa tem ainda 11 escritórios fora do país, mas terminará o ano com presença apenas nos seguintes países: Bolívia, China, Cingapura, Estados Unidos, Holanda e Inglaterra.
"Estamos num processo de racionalização do espaço", disse o executivo, durante participação em Comissão de Minas e Energia na Câmara dos Deputados, sobre a venda de ativos da empresa.
O mesmo está sendo realizado no Brasil. Em 2015, a Petrobras ocupava 72 prédios no país, contra 38 atualmente, disse Castello Branco, apontando uma redução de custos de 35% no período, para 1,3 bilhão de reais com os prédios brasileiros.
Para combater a bilionária dívida e buscar uma melhor eficiência na alocação de capital, a Petrobras tem ainda um amplo programa de desinvestimentos em curso, enquanto trabalha para focar suas atividades na exploração e produção de petróleo em águas profundas e ultraprofundas.
Segundo Castello Branco, o portfólio da empresa considera atualmente a venda de 183 campos em terra e em águas rasas. Ele ressaltou que diversos ativos no Nordeste estão à venda, uma vez que a produção em diversos Estados da região tornou-se irrelevante para a empresa.
"Estamos vendendo essas operações para outras empresas, várias brasileiras", disse o executivo, frisando que as companhias que estão comprando esse ativos deverão investir neles, gerando renda e emprego nas regiões.
Não há planos para privatização da Petrobras, afirmou nesta terça-feira o presidente da empresa, Roberto Castello Branco, em audiência na Comissão de Minas e Energia na Câmara dos Deputados, ao comentar a venda de ativos da empresa.
"Privatização da Petrobras não está na mesa, não existe nenhum plano. De vez em quando alguém fala, é sempre esse fantasma", declarou o executivo.
O secretário Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Salim Mattar, disse a jornalistas na semana passada que não estão em seu mandato as privatizações de Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Petrobras.
Mattar ponderou, no entanto, que há valor potencial a ser atingido no futuro com operações envolvendo essas empresas caso haja um entendimento nesse sentido entre sociedade, Congresso e presidente da República.
Castello branco defendeu a atual política de preços da empresa, que agora prevê reajustes mais espaçados, sem reações imediatas a episódios que impactam os mercados globais de petróleo, como os recentes ataques a refinarias sauditas.
"Isso (reajuste diário) é uma prática que não fazemos, ainda mais na bomba de preços. Não é a melhor forma de se tratar o cliente. Utilizamos uma política de reajustes mais espaçados. Não reagimos a eventos surpresa, como o ataque à Arábia Saudita. Fomos pacientes o suficiente para só ajustar o preço após a volatilidade se acomodar", explicou o CEO da estatal, em audiência na Câmara.
Ainda de acordo com ele, "deixamos a poeira abaixar, para fazer o reajuste. Essa é a política".
O último reajuste do diesel da Petrobras ocorreu em 19 de setembro, dias após o ataque às instalações petrolíferas sauditas, quando a empresa elevou o valor do combustível nas refinarias em mais de 4%, além de ter aumentado a gasolina em 3,5%.
No dia 27 de setembro, a empresa elevou o valor da gasolina nas refinarias em 2,6%.
Castello Branco participa, como convidado, da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, na Câmara dos Deputados, onde ocorre nesta terça-feira debate sobre a política de preços do diesel.
O diesel é uma questão sensível para caminhoneiros, que se articulam para manter o frete mínimo rodoviário, uma lei criticada por transportadores.
"Não é o diesel o problema efetivo, como representantes de caminhoneiros relevaram. O problema é falta de carga e má situação de estradas brasileiras. E situações de subsídio ou forçar Petrobras a ter uma política de preço não condizente com aplicada pelo mercado só trará prejuízos à Petrobras", acrescentou o executivo.
(Com Reuters e Estadão Conteúdo)