Lula: auxiliares do presidente da República avaliam que melhora da economia vai ajudar na recuperação da popularidade do petista (Ricardo Stuckert / PR/Reprodução)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 14 de março de 2024 às 08h54.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preocupado com a queda de sua popularidade observada nas pesquisas divulgadas ao longo das últimas semanas, afirmaram à EXAME técnicos do governo ouvidos nos últimos dias. A percepção de melhora do bem-estar da classe média, entretanto, é a aposta dos auxiliares como forma de elevar a aprovação do petista. Novamente, a economia será determinante nos planos de Lula.
As declarações de Lula sobre Israel, Venezuela e as pressões inflacionárias nos dois primeiros meses do ano são apontadas pelos técnicos do governo como as principais causas da queda na avaliação positiva da sociedade em relação ao governo.
Somente em fevereiro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,83%, pressionado pelos custos com educação e com alimentos.
“A classe média ainda não sentiu os reflexos das medidas econômicas mais recentes ‘no bolso’. Por enquanto os indicadores são bons para o mercado, mas demoram para chegar ao cidadão. A conta de luz, o preço da comida, a mensalidade da escola do filho, o plano de saúde e os remédios têm encarecido”, afirmou um técnico do governo.
Atento aos anseios populares, Lula antecipou o pagamento de precatórios, e do 13º dos aposentados e pensionistas. Além disso, pretende estimular a concessão de crédito por meio de um novo programa para a oferta de consignado para trabalhadores do setor privado.
Os detalhes são desenhados pelo Ministério do Trabalho e pela Caixa, mas a ausência de garantias para a oferta da linha de financiamento pode atrapalhar o sucesso da medida que pretende ser uma alternativa para o fim do saque aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Em outra frente, o governo avalia que as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) devem gerar novos empregos, além de melhorar parte da infraestrutura para famílias de classe média.
Outra aposta governista que deve ajudar na popularidade de Lula, avaliam auxiliares do petista, é o Programa Bolsa Permanência, criado para conter a evasão escolar no Ensino Médio. A lei determina que a bolsa será destinada aos estudantes de baixa renda regularmente matriculados no ensino médio das redes públicas.
Pelo programa, cada aluno receberá R$ 200 mensais durante dez meses — pagamentos iniciados após a efetivação da matrícula em cada ano letivo — e mais uma poupança de R$ 1.000 por ano até o 3º ano do Ensino Médio.
“Além dessas medidas, a presença de Lula nos estados e municípios impulsionará a cobertura local dos eventos pela imprensa, o que fará com que as boas novas cheguem diretamente aos cidadãos. O presidente começa essa agenda nesta sexta quando visitará o Rio Grande do Sul. Mais viagens estão sendo planejadas para as próximas semanas e meses”, diz um aliado do petista.
Resta saber se essas medidas serão suficientes para turbinar a popularidade de Lula. O temor do mercado é de aumento dos gastos públicos, que podem frear a queda de juros e o crescimento econômico, e um potencial intervencionismo em estatais e outras empresas, como os recentes caso da Petrobras e da Vale.