Economia

Pesquisas apontam vitória pela permanência do Reino Unido

Pesquisas apontam para a vitória da campanha pela permanência, mas os primeiros resultados colocam a campanha pela saída britânica do bloco na liderança


	Plebiscito no Reino Unido: pesquisa conduzida pela YouGov apontou para a vitória da campanha do "fica" por uma margem de 52 a 48 por cento
 (Reuters/Toby Melville)

Plebiscito no Reino Unido: pesquisa conduzida pela YouGov apontou para a vitória da campanha do "fica" por uma margem de 52 a 48 por cento (Reuters/Toby Melville)

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Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2016 às 21h24.

Londres - Os britânicos parecem ter votado pela permanência do Reino Unido na União Europeia em um referendo, mostraram pesquisas nesta quinta-feira, mas os primeiros resultados oficiais colocam a campanha pela saída britânica do bloco na liderança, levando a uma grande variação na cotação da libra esterlina.

Com mais de meio milhão de votos contabilizados, a campanha pela saída britânica do bloco europeu aparecia na liderança com 50,6 por cento dos votos ante 49,4 por cento pela permanência, embora ainda seja muito cedo para estabelecer uma tendência confiável.

Uma pesquisa conduzida pela YouGov apontou para a vitória da campanha do "fica" por uma margem de 52 a 48 por cento. Diferentemente de uma pesquisa boca de urna clássica, o levantamento teve como base respostas de uma amostra pré-selecionada de pessoas, e não uma pesquisa de eleitores que deixavam as urnas.

Outra pesquisa, realizada pelo instituto Ipsos-MORI na quarta e quinta-feira, também colocou a campanha pela permanência na UE na liderança com 54 por cento, ante 46 por cento pela saída.

Uma pesquisa do mesmo instituto divulgada mais cedo dava vantagem para a permanência com 52 por cento, ante 48 por cento pela saída do bloco.

Nigel Farage, chefe do Partido de Independência do Reino Unido e principal voz a favor da saída da UE, disse à Sky News que não espera estar do lado vencedor.

"Foi uma campanha extraordinária, a participação (dos eleitores) parece ter sido excepcionalmente alta e parece que o 'fica" irá vencer", disse Farage. Os comentários de Farage e as pesquisas levaram a libra esterlina para o maior nível do ano, acima de 1,50 dólar.

Mas a moeda britânica recuou depois que o resultado da cidade de Sunderland dar vitória para a saída com mais folga do que o esperado. A votação em favor da permanência seria um alívio enorme para os 27 parceiros da Grã-Bretanha na UE, que temem que a saída da segunda maior economia do bloco enfraqueceria a influência global da Europa e alimentaria a ascensão de movimentos eurocépticos em outros países.

A campanha de quatro meses dividiu a nação e o resultado final da votação pode mudar a face da Europa.

Caso o Reino Unido se torne o primeiro Estado a deixar a UE, o chamado "Brexit" pode se tornar o maior golpe ao bloco de 28 nações desde sua fundação.

A UE ficaria sem sua segunda maior economia e sem uma das duas principais potências militares, e poderia enfrentar pedidos similares de votos por políticos anti-UE em outros países.

Se a campanha pela permanência ganhar, foi prometido ao Reino Unido um status especial que o isenta de qualquer nova integração política, mas líderes europeus ainda terão que lidar com o crescente e forte euroceticismo no continente.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, convocou o referendo por pressão da ala anti-UE de seu Partido Conservador e do cada vez mais expressivo Partido de Independência do Reino Unido (Ukip, na sigla em inglês) com a esperança de encerrar décadas de debates sobre os laços do Reino Unido com a Europa.

A vitória da saída britânica da UE seria um golpe potencialmente fatal para a carreira de Cameron, que fez campanha para o país ficar na UE, contra uma campanha pela saída liderada por rivais de dentro de seu próprio Partido Conservador.

Trata-se do terceiro referendo da história britânica. O primeiro, também a respeito da filiação do que então era chamado de Comunidade Econômica Europeia, foi convocado em 1975.

A campanha de quatro meses, que expôs desavenças amargas no partido governista, foi dominada pela imigração e pela economia e abalada pelo assassinato da parlamentar trabalhista pró-UE Jo Cox na semana passada.

Texto atualizado às 21h23
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