Economia

Peru vira destino de migração mundial para trabalho

Recepção de trabalhadores aumentou em 793% entre 2004 e 2014; crescimento do país na última década atingiu uma média anual de 6%


	Bandeira do Peru: país mantém uma grande demanda por mão de obra qualificada, apesar da crise
 (Greg Ma/Wikimedia Commons)

Bandeira do Peru: país mantém uma grande demanda por mão de obra qualificada, apesar da crise (Greg Ma/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 27 de julho de 2015 às 07h45.

Lima - O Peru deu uma reviravolta em sua antiga situação de exportador de trabalhadores e se transformou agora em um receptor de milhares de imigrantes que chegam para trabalhar vindos do mundo todo, segundo revelaram os últimos números oficiais.

Tanto a Superintendência Nacional de Migrações como o Instituto Nacional de Estatística e Informática (Inei) divulgaram recentemente dados que confirmam essa tendência à recepção de trabalhadores, que aumentou em 793% entre 2004 e 2014.

Segundo o relatório oficial, em 2004 foram aprovados 1.464 vistos de trabalho ou de mudança de qualidade migratória para a de trabalhador, enquanto em 2014 este mesmo trâmite foi aprovado para 13.065 estrangeiros.

"O Peru se transformou em um destino muito importante para cidadãos de todas as partes do mundo que querem desenvolver seus conhecimentos e talentos em um país sério e com futuro", destacou o superintendente nacional de Migrações, Boris Potozén.

O funcionário afirmou que o trabalho dos estrangeiros "não só os ajuda a prosperar, mas também contribui com nosso próprio desenvolvimento".

Ao se referir aos números deste ano, a Superintendência de Migrações ressaltou que durante o primeiro semestre entraram com o pedido para trabalhar no Peru 6.728 cidadãos estrangeiros.

Destes, 5.621 solicitaram permissão para trabalhar na qualidade de residentes e outros 1.107 como trabalhadores temporários.

A maioria, 4.570 no total, proveio de países sul-americanos, seguidos por 1.254 europeus, 478 norte-americanos, 267 asiáticos, 108 centro-americanos, 41 da Oceania e dez da África.

A Colômbia é o país de origem da maior parte dos trabalhadores que chegaram durante este primeiro semestre ao Peru, com 1.713 pessoas; seguido pela Espanha, com 757; Argentina, com 638; Chile, com 556; Equador, com 515; Brasil, com 412; Venezuela, com 349; e Estados Unidos, com 330.

Ao informar sobre o número de trâmites de qualidade migratória como trabalhador durante o primeiro semestre (que podem ser solicitados várias vezes pela mesma pessoa), a Superintendência de Migrações assinalou que a maioria foram pedidos por engenheiros (8.045), seguidos por funcionários de diversos setores (5.504) e administradores de empresas (1.748).

Eles foram seguidos por gerentes (966), técnicos (800), economistas (612), empresários (557), pilotos (515) e contadores (449), entre outros profissionais.

"Esta onda de migração deve ser acompanhada de uma melhora e agilização nos serviços e procedimentos de migrações. É por isso que declaramos a Superintendência em processo de modernização. Hoje podemos dizer que os trâmites para os estrangeiros que vêm trabalhar no Peru são muito mais simples", assinalou Potozén.

Recentemente, o Instituto Nacional de Estatística e Informática (Inei) informou que apenas durante o último mês de maio entraram no país quase 5.000 estrangeiros, a maioria colombianos, chilenos, espanhóis e argentinos, na qualidade de trabalhadores.

Este número significou um aumento de 12,1% em relação ao mesmo mês de 2014, enquanto 17,2% destes trabalhadores vieram da Colômbia, 14,6% do Chile, 11,7% da Espanha e 10,5% da Argentina.

Os analistas ressaltam que o aumento da migração trabalhista para o Peru se deve, principalmente, aos altos níveis de crescimento que o país teve na última década, que atingiu uma média anual de 6%.

Embora a crise financeira internacional tenha reduzido este crescimento para uma média de 4%, o Peru mantém uma grande demanda por mão de obra qualificada para atender o grande déficit em desenvolvimento de infraestrutura.

Os especialistas destacam, no entanto, que os estrangeiros ainda devem cumprir com um processo "embaraçoso e limitativo" para conseguir a condição de trabalhadores legais, embora essa situação seja mais fácil para argentinos e espanhóis, graças a convênios bilaterais assinados entre seus países com o Peru.

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