Tempo bom para a agricultura: com um regime de chuvas mais próximo da normalidade, a safra de verão deve ter bom desempenho neste ano (Ty Wright/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 12 de janeiro de 2016 às 11h23.
Rio - As perspectivas para o clima em 2016 devem ser mais favoráveis à safra de grãos, afirmou nesta terça-feira, 12, o gerente da Coordenação de Agropecuária do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mauro Andreazzi.
Com um regime de chuvas mais próximo da normalidade, a safra de verão, que representa cerca de 70% do total produzido no país, deve ter bom desempenho neste ano.
"O Sul está com excesso de chuva, Centro-Oeste atrasou um pouco o plantio, mas agora parece estar normal. No Nordeste, ainda são projeções, o início da safra é mais para janeiro e fevereiro. O El Niño está influenciando, mas acredito que será um ano melhor de chuvas do que em 2015", disse Andreazzi.
Um dos produtos que será beneficiado é a soja, cuja produção deve romper pela primeira vez a barreira de 100 milhões de toneladas. Outra cultura favorecida é o café, que vem de três anos de baixa, apontou Andreazzi.
"O ano de 2016 dá indicação de recuperação, atingindo patamares de 2012 (antes do período de baixa)", afirmou o gerente do IBGE. "O café depende de chuvas no Centro-Sul, que devem ser melhores. Além disso, a valorização do produto incentivou o agricultor a investir, melhorar a adubação."
Com 89% de informações de campo e o restante de previsões de plantio, o IBGE projeta para 2016 uma nova safra recorde. Neste ano, o país deve colher 210,7 milhões de toneladas, de acordo com o 3º Prognóstico divulgado nesta terça. O volume será 0,5% maior que em 2015.
Feijão
Após queda na produção de suas três safras ao longo de 2015, o feijão deve voltar a conquistar espaço nas lavouras brasileiras, estima o IBGE. "Como as três safras caíram no ano passado, os preços do feijão estão bons, incentivando o plantio para a safra de 2016", afirmou Andreazzi.
Neste ano, o IBGE projeta que a colheita de feijão 1ª safra ficará em 1,565 milhão de tonelada, alta de 16,7% em relação a 2015. O resultado é um bom indicador, já que no ano passado a primeira safra do grão não teve bom desempenho diante dos preços baixos, e houve redução da área plantada.
"Em relação a 2014, todas as três caíram. Na primeira, o preço não era convidativo para o produtor. Nas demais, o preço melhorou, mas o problema foi de clima e vazio sanitário. Agora, os preços do feijão estão bons, incentivando o plantio", disse Andreazzi.
Arroz
O plantio de arroz, porém, não encontra um cenário tão favorável. A cultura, forte no Rio Grande do Sul, enfrenta o menor interesse dos produtores, que reduziram a área plantada, e o excesso de chuvas.
"As fortes chuvas ocorridas no Estado causaram estragos como inundação de lavouras. Os prejuízos poderão ainda ser maiores se as chuvas continuarem, havendo também o comprometimento da qualidade do produto colhido", afirmou o gerente do IBGE.
Em 2016, a estimativa é de que a produção de arroz totalize 11,893 milhões de toneladas, queda de 3,4% em relação ao ano passado.
Milho
A produção de milho de primeira safra em 2016, de 28,111 milhões de toneladas, deve ser a menor desde 2005, quando ficou em cerca de 27 milhões de toneladas, informou o IBGE. O volume é 4,6% menor do que em 2015 e será a terceira queda seguida para a cultura.
"O milho está sendo substituído pela soja, que é mais rentável. Embora o rendimento da soja seja menor, o preço é mais que o dobro", observou Andreazzi.
Diversos Estados estão reduzindo o plantio de milho de primeira safra, entre eles os maiores produtores, como Minas Gerais (-6,0%), Rio Grande do Sul (-14,6%) e Paraná (-21,3%). O volume total de milho primeira safra previsto no prognóstico apresentado hoje pelo órgão - o terceiro referente a 2016 - ainda é menor do que o avaliado em novembro, com uma redução de quase 700 mil toneladas.
Soja
A soja, por sua vez, deve ter nova produção recorde em 2016, com 102,747 milhões de toneladas colhidas, alta de 5,9% sobre 2015. Devem ter expansão no volume Mato Grosso (2,5%), Paraná (6,7%), Rio Grande do Sul (3,4%) e Goiás (13,6%), entre outros Estados.