Economia

Política piora perspectivas para o país, diz Bank of America

"O clima sobre o Brasil foi mais sombrio na medida em que o ajuste fiscal tem obstáculos significativos à frente", afirma o relatório do BoFA


	Reflexo político: "O clima sobre o Brasil foi mais sombrio na medida em que o ajuste fiscal tem obstáculos significativos à frente", afirma o relatório do BoFA
 (Reuters Media)

Reflexo político: "O clima sobre o Brasil foi mais sombrio na medida em que o ajuste fiscal tem obstáculos significativos à frente", afirma o relatório do BoFA (Reuters Media)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2015 às 06h44.

Nova York - As perspectivas para o Brasil ficaram mais sombrias e o Brasil aparece como tendo uma das situações mais problemáticas entre os principais mercados emergentes, em meio a um ambiente político conturbado e obstáculos importantes para tocar o ajuste fiscal.

Já o cenário para a Rússia e China está um pouco mais "construtivo".

As conclusões vieram de um evento que o Bank of America Merrill Lynch fez em Lima, às margens da reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, que termina neste domingo (18).

China, Brasil e Rússia tiveram destaque nas discussões do evento do BoFA em Lima, que reuniu nomes como o diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do BC, Tony Volpon, e representantes de BCs do Chile, México, Turquia e Tailândia, além de gestores e analistas da Pimco, do UBS e do próprio BofA.

Entre os brasileiros que fizeram apresentações, estavam o economista Afonso Celso Pastore e Beny Parnes, da gestora SPX Capital. Os cenário para estes três países, porém, divergem, com o Brasil em pior posição, de acordo com um relatório do banco comentando as conclusões do evento.

A economia russa está em recessão, mas em melhor situação que há alguns meses e a perspectiva ficou mais positiva, segundo os participantes do evento em Lima. Os bancos se recapitalizaram e as empresas reduziram a alavancagem.

Na China, os economistas e gestores mostraram preocupação com a desaceleração do crescimento do país, que deve provocar "solavancos", mas a visão se mostrou de alguma forma "construtiva", com a percepção de que uma crise mais aguda no país asiático é "muito baixa". Além disso, a China tem elevado volume de reservas internacionais e as saídas de capital até agora foram baixas.

Para a economia brasileira, a avaliação foi diferente. "O clima sobre o Brasil foi mais sombrio na medida em que o ajuste fiscal tem obstáculos significativos à frente", afirma o relatório do BoFA.

"O Brasil se destaca como particularmente problemático entre as economias da América Latina, na opinião de alguns participantes do painel."

Os participantes do evento destacaram que o Brasil precisa cortar gastos públicos e que a forte recessão deste ano deve levar à queda da inflação em 2016.

O investimento privado deve apresentar novas quedas e a taxa de desemprego pode subir mais. Pelo lado positivo, as contas externas têm tido melhora importante e podem ajudar na recuperação da economia mais à frente.

Um dos consensos em relação ao Brasil é que a solução para os problemas fiscais requer, primeiro, uma melhora da situação política em Brasília, que permanece complicada.

Um dos palestrantes, destaca o BoFA, notou que a presidente Dilma Rousseff tentou diferentes estratégias para melhorar a governabilidade, mas nenhuma até agora funcionou.

Dilma vai continuar sofrendo pressão do Congresso, incluindo a possibilidade de abertura de um processo de impeachment, destacaram os participantes.

"Um palestrante observou que um processo de impeachment é mais político do que jurídico, o que torna mais difícil avaliar suas chances e resultados", destaca o BoFA. O aumento da taxa de desemprego e novos escândalos de corrupção podem contribuir para aumentar as tensões sociais.

Volpon

O diretor do BC Tony Volpon participou de um painel para discutir as estratégia dos BCs em meio às mudanças na economia da China e a expectativa de alta dos juros nos Estados Unidos, que teve também outros representantes de BCs, incluindo da Tailândia, Turquia e Chile.

Os participantes concordaram que a taxa de câmbio flexível permanecem como o principal instrumento de ajuste a um cenário de condições financeiras mais duras e menor fluxo de comércio.

As reservas internacionais podem ser usadas para reduzir a volatilidade no câmbio, mas não para impedir o ajuste das moedas.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaBancosbancos-de-investimentobank-of-americaDados de Brasileconomia-brasileiraEmpresasEmpresas americanas

Mais de Economia

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto

Manifestantes se reúnem na Avenida Paulista contra escala 6x1

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade