Economia

Perspectiva na construção civil preocupa CNI

De acordo com a Sondagem Indústria da Construção, divulgada hoje (22) pela CNI, a situação atual “não é positiva”


	Construção de prédio em São Paulo: setor cresceu muito de 2010 a 2012, mas perspectiva agora preocupa CNI
 (Paulo Fridman/Bloomberg)

Construção de prédio em São Paulo: setor cresceu muito de 2010 a 2012, mas perspectiva agora preocupa CNI (Paulo Fridman/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2014 às 14h11.

Brasília - O período de bonança vivido pelo setor da construção civil entre 2010 e 2012, estimulado por programas como Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e de Aceleração do Crescimento (PAC), está cada vez mais distante, diz a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

De acordo com a Sondagem Indústria da Construção, divulgada hoje (22) pela CNI, a situação atual “não é positiva”, e a perspectiva para os próximos três meses é pessimista.

Pela primeira vez, desde dezembro de 2009, o indicador de expectativa em relação a novos serviços e empreendimentos caiu para 49 pontos, em agosto – o que, segundo a CNI, “sugere queda nos próximos seis meses” também para a contratação de serviços, compra de matérias-primas e insumos, e no número de empregados do setor. Já o indicador relativo à expectativa para os próximos seis meses sobre o nível de atividade ficou em 49,6 pontos.

Os valores apresentados pela sondagem variam de 0 a 100 pontos. Quando abaixo de 50 pontos, os indicadores revelam expectativas negativas do empresariado. Ainda segundo a pesquisa, em agosto, o indicador de expectativa de compras de matéria-prima caiu para 48,2 pontos e o de número de empregados recuou para 48,5 pontos.

O pessimismo dos empresários vem após um dos melhores períodos vividos pelo setor. “De janeiro de 2010, quando o indicador sobre a expectativa do nível de atividade para os seis meses subsequentes chegou a 68,8 pontos, até meados de 2012, quando esse indicador começou a diminuir, a construção civil viveu um período muito forte e de grande crescimento. Havia uma perspectiva de crescimento acentuado. Os resultados obtidos eram inclusive superiores aos que os empresários projetavam”, disse à Agência Brasil Danilo Garcia, economista da CNI.

“A situação estava boa por causa dos investimentos e pelo impulso que se teve para a compra de imóveis por pessoas físicas, motivados principalmente pelo destravamento dos financiamentos e pela queda da taxa de juros. Também serviram para moldar esse cenário os programas Minha Casa, Minha Vida e de Aceleração do Crescimento, que contribuíram significativamente par as obras de infraestrutura”, acrescentou Garcia.

Segundo ele, na época a construção civil cresceu muito. “Faltava até trabalhador qualificado, o que chegou a ser apontado [como problema] por 72% das empresas ao final de 2010. Mas [a partir da segunda metade de 2012] começamos a observar uma queda na expectativa dos empresários. E, no segundo trimestre de 2014, esse índice [falta de trabalhador qualificado] caiu para 34,2%”.

Para a CNI, a falta de confiança dos empresários é resultado da retração da atividade no setor. Em julho, o indicador do nível de atividade caiu para 44,9 pontos; o de nível efetivo em relação ao usual baixou para 42,3 pontos; e o indicador de número de empregados recuou para 44,2 pontos -- o menor da série histórica. Já o nível de utilização da capacidade instalada manteve-se em 69%.

“Neste momento, a situação financeira das empresas não se encontra favorável, e os empresários têm demonstrado insatisfação com a situação financeira, com a margem de lucro operacional e com o acesso ao crédito. O impacto mais forte está relacionado à desaceleração da economia e à menor confiança dos consumidores”, explicou Garcia.

Segundo o economista, a expectativa é que a construção civil só volte a crescer quando houver mais confiança na economia. “Uma terceira edição do MCMV tem potencial de contribuição forte [para melhorar a situação], principalmente para o setor de construção de edifícios”, acrescentou.

A pesquisa da CNI foi feita entre 1º e 12 de agosto, com 572 empresas, das quais 193 de pequeno porte, 244 médias e 135 grandes.

Acompanhe tudo sobre:CNI – Confederação Nacional da IndústriaConstrução civilHabitação no BrasilMinha Casa Minha VidaPAC – Programa de Aceleração do Crescimento

Mais de Economia

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto

Manifestantes se reúnem na Avenida Paulista contra escala 6x1