Economia

Pela primeira vez, BC vê inflação dentro da meta

As perspectivas para a inflação, apesar de boas, são resultado direto da crise no Brasil

Preços: o próprio BC reconheceu, no RTI, que a atividade está mais fraca (foto/Thinkstock)

Preços: o próprio BC reconheceu, no RTI, que a atividade está mais fraca (foto/Thinkstock)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de dezembro de 2016 às 08h52.

Brasília - Pela primeira vez, o Banco Central indicou a possibilidade de a inflação ficar dentro da meta já em 2016. No Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira, 22, o BC projetou o IPCA - índice oficial de preços - em 6,5% este ano. O centro da meta para o ano é de 4,5%, mas há tolerância de 2,0 pontos porcentuais (até 6,5% de inflação).

Se confirmada, essa projeção representará forte queda ante a inflação do ano passado, que chegou perto de 11%. O BC informou ainda que trabalha com uma inflação de 4,4% em 2017 - portanto, já abaixo do centro da meta, também de 4,5%.

As perspectivas para a inflação, apesar de boas, são resultado direto da crise no Brasil. Com a recessão e o desemprego em alta, empresas de todas as áreas estão sem espaço para reajustar preços.

O próprio BC reconheceu, no RTI, que a atividade está mais fraca que o antecipado e que o nível de ociosidade na economia permanece elevado. Esses fatores, na visão do BC, poderão fazer com que a inflação recue de forma mais rápida.

No último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), no fim de novembro, o BC já citava a contribuição da crise para o controle de preços.

Na ocasião, o colegiado reduziu a Selic (taxa básica de juros da economia) de 14% para 13,75% ao ano. Justamente por ter optado por um corte de apenas 0,25 ponto porcentual, o BC vem sendo criticado por setores do governo, da indústria e por economistas do mercado financeiro.

Em suas comunicações, o BC indicou que, no próximo encontro do Copom, em janeiro, a Selic tende a cair mais do que 0,25 ponto porcentual. O mercado prevê um corte de 0,50 ponto.

O diretor de Política Econômica da instituição, Carlos Viana de Carvalho, evitou comentar se a taxa pode cair 0,75 ponto porcentual, para 13% ao ano. "Há um processo de desinflação e o objetivo é buscar as metas nos horizontes relevantes de 2017 e 2018", desconversou.

Para ele, em função do cenário econômico, há "certa ansiedade" com relação à calibragem dos juros no curto prazo. "O Copom tomou a melhor decisão. Nosso papel é ouvir preocupações de um lado e de outro, mas temos que analisar a conjuntura com serenidade."

O BC revisou a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) de 2016 de queda de 3,3% para recuo de 3,4%. Para 2017, passou a estimar um crescimento de apenas 0,8%, ante o 1,3% calculado anteriormente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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