Economia

Payroll: mercado de trabalho dos EUA deve iniciar 2025 sólido, mas com menor ritmo de contratações

Primeiro relatório de empregos do ano deve indicar uma desaceleração no crescimento da força de trabalho, mas ainda sem sinais de alerta para o Federal Reserve

Publicado em 7 de fevereiro de 2025 às 06h26.

Última atualização em 7 de fevereiro de 2025 às 06h32.

O mercado de trabalho dos Estados Unidos deve iniciar 2025 de forma sólida, ainda que com um leve recuo em relação ao final de 2024.

Segundo projeções do Dow Jones, o relatório do Bureau of Labor Statistics (BLS) sobre a criação de empregos não-agrícolas em janeiro deve indicar um aumento de 169 mil vagas, abaixo das 256 mil registradas em dezembro, mas próximo da média dos últimos três meses. Já a taxa de desemprego deve permanecer estável em 4,1%.

Embora os números possam sugerir uma leve desaceleração, o consenso entre economistas é que o cenário do emprego nos EUA seguirá forte e equilibrado, sem representar preocupação imediata para o Federal Reserve (Fed).

Crescimento estável deve manter Fed atento

Com a inflação em patamares controlados e empresas confortáveis para investir, a expectativa é de que a criação de empregos continue girando em torno de 150 mil por mês.

De acordo com Joseph Brusuelas, economista-chefe da RSM, esse patamar será suficiente para manter o mercado de trabalho estável. “Estamos em pleno emprego. Esse é um bom problema para se ter”, afirma.

O Federal Reserve encerrou 2024 reduzindo sua taxa de juros em um ponto percentual, em resposta a sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho. No entanto, os dados recentes indicam que, embora as contratações tenham perdido força, os cortes de empregos não aumentaram, e os trabalhadores continuam empregados, apesar da queda nas ofertas de trabalho.

Com esse cenário de estabilidade, a tendência é que o Fed mantenha as taxas de juros inalteradas pelo menos até o verão norte-americano, enquanto avalia os efeitos da política fiscal do presidente Donald Trump. Um dos pontos de maior atenção é as tarifas impostas a parceiros comerciais dos EUA, que podem afetar a economia.

Revisões anuais podem impactar o panorama

O relatório de janeiro também deve trazer revisões importantes sobre o mercado de trabalho, após cortes significativos nos números de empregos criados em 2023 e 2024.

Além dos números tradicionais de criação de empregos, o BLS deve divulgar ajustes anuais nos dados do mercado de trabalho. Em agosto de 2024, revisões preliminares mostraram que a economia norte-americana havia criado 818 mil empregos a menos do que o inicialmente reportado entre abril de 2023 e março de 2024. A expectativa é que essa discrepância seja ajustada com a atualização de dados sobre imigração e população.

A revisão também deve mostrar um aumento recorde de 3,5 milhões na população e 2,3 milhões no emprego domiciliar, segundo projeções do Goldman Sachs. Esse ajuste pode alinhar as duas principais pesquisas do BLS, que têm mostrado discrepâncias significativas nos últimos anos.

Ainda assim, os economistas não esperam que esses números alterem a postura do Fed. “O mercado de trabalho é muito mais importante para o Fed do que a questão das tarifas”, afirma Eric Winograd, da AllianceBernstein. Segundo ele, os dados de criação de empregos podem variar de mês para mês, mas não há indícios de que o relatório de janeiro será significativamente diferente dos anteriores.

Salários sob análise

O crescimento dos salários será um dos pontos-chave do relatório, com expectativa de alta de 0,3% em janeiro e 3,7% no acumulado de 12 meses.

O BLS também deve divulgar os dados sobre os ganhos médios por hora, um indicador crucial para medir a pressão inflacionária no mercado de trabalho. As projeções apontam para um aumento mensal de 0,3% nos salários e um crescimento anual de 3,7%, o menor desde julho de 2024.

Se confirmados, esses números indicam que o mercado de trabalho manterá um ritmo saudável de crescimento, sem gerar pressões inflacionárias excessivas. Isso reforçaria a posição do Fed de manter a política monetária estável nos próximos meses.

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