Economia

Paulo Valle: com R$ 521 bi, não há problemas de caixa

Valle negou que o Tesouro esteja enfrentando problemas de rolagem da dívida pública ou que esteja adotando uma estratégia para aumentar o seu caixa


	Paulo Valle, do Tesouro: "Com um caixa com mais de R$ 500 bilhões, que paga mais de um ano de vencimentos da dívida, não faz sentido ficar preocupado com esse assunto. Não há problemas de caixa."
 (Elza Fiúza/ABr)

Paulo Valle, do Tesouro: "Com um caixa com mais de R$ 500 bilhões, que paga mais de um ano de vencimentos da dívida, não faz sentido ficar preocupado com esse assunto. Não há problemas de caixa." (Elza Fiúza/ABr)

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Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2014 às 09h32.

Brasília - O caixa do governo federal conta atualmente com R$ 521 bilhões, informa o subsecretário de dívida pública do Tesouro Nacional, Paulo Valle.

Em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, ele negou que o Tesouro esteja enfrentando problemas de rolagem da dívida pública ou que esteja adotando uma estratégia para aumentar o seu caixa com o temor de haja pressões maiores no mercado financeiro no início de 2015.

"Com um caixa com mais de R$ 500 bilhões, que paga mais de um ano de vencimentos da dívida, não faz sentido ficar preocupado com esse assunto. Não há problemas de caixa", afirmou Valle.

Desde 1997, depois da crise da Ásia, o Tesouro Nacional adotou a estratégia de separar uma parte do caixa para fazer um "colchão de liquidez", com recursos que só podem ser exclusivamente utilizados para o pagamento da dívida pública. Esse colchão tem em média recursos suficientes para honrar os vencimentos de três a seis meses da dívida pública, dependendo da sazonalidade da gestão dos pagamentos.

Hoje, sustenta o subsecretário, o colchão está mais próximo de três meses porque para janeiro está previsto o maior vencimento de títulos em 2015. Mesmo assim, é superior aos vencimentos dos próximos três meses, que somam R$ 119,8 bilhões (R$ 6,8 bilhões em novembro; R$ 211 milhões em dezembro e R$ 112,8 bilhões em janeiro). Em fevereiro, vencem mais 13,4 bilhões e, em março, R$ 70 bilhões. Os dólares para o pagamento dos compromissos da dívida externa também já estão comprados.

"Como janeiro é um mês de alta concentração de vencimentos e está dentro dos próximos três meses, o colchão está mais para três meses", afirmou o subsecretário. Segundo ele, o colchão é uma medida conservadora para sinalizar tranquilidade do financiamento da dívida. "Não tem nenhum movimento para aumentar o caixa", disse.

Ele ponderou que tradicionalmente sempre em momentos de aumento de taxa Selic, quando o mercado de juros está mais pressionado, o Tesouro tende a emitir menos títulos com prazos de vencimento mais longos e passa a vender mais papéis curtos. "Para não travar uma taxa mais alta por 10 anos, por exemplo, reduzimos os papéis mais longos. Mas sempre olhando os indicadores do PAF", afirmou.

Pré-seco

Segundo ele, em meses de baixo vencimento, o Tesouro faz emissão líquida de papéis. Ou seja, vende mais títulos do que o volume de vencimentos. O resgate líquido de papéis está em linha com o que vem ocorrendo nos últimos anos.

O subsecretário destacou que é um erro a avaliação de que o Tesouro esteja pressionando o mercado por ter ofertado um volume maior de prefixados (o dobro do giro do mercado de DI furo).

"Temos demanda dos investidores e nem toda ela é para casar com o secundário", disse.

Ele explicou que Tesouro atende a demanda, principalmente dos bancos, para carregar os papéis no balanço, o que é comum no fim do ano, "Chamamos de pré-seco, quando o investidor compra e corre o risco, sem travar no mercado futuro.

Os bancos, por exemplo, preferem ficar mais com títulos em carteira do que operações compromissadas e outros ativos", disse ele, destacando que tem investidor que quer comprar o pré-seco e está confortável com a taxa de 24 meses.

PAF

Faltando menos de dois meses para o fim do ano, Paulo Valle antecipou que o Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2014, que contém as diretrizes e metas de gestão da dívida pública, está mostrando uma "pequena" evolução em relação a 2013 e afirma que todas as metas do plano serão cumpridas.

"O PAF não mostra nenhuma deterioração da dívida pública, Pelo contrário, tivemos avanços", disse. Segundo ele, a parcela atrelada à taxa Selic vai terminar abaixo de 19%, por volta de 18,9% do total da dívida. A prazo médio da dívida deve subir de 4,2 anos para cerca de 4,4 anos, podendo chegar a 4,5 anos.

Haverá um aumento da composição de papéis prefixados e atrelados ao IPCA (NTN-B). O somatório desses papeis fechará 2014 num patamar mais elevado do que no ano passado.

"Em 2014, todos os indicadores da dívida pública estão melhorando marginalmente. Alongamos a dívida e melhoramos marginalmente a composição", afirmou.

Apesar desse melhora, houve um aumento de custo por conta do ciclo de alta da taxa de juros. "O Tesouro é tomador de preços. O BC iniciou um ciclo de política monetária e isso certamente afeta o custo da dívida publica, mas está dentro do previsto do PAF. Não cabe falar em risco de financiamento. Estamos falando de custo", ponderou.

A estratégia para 2015 é de continuidade dessa política, "O que estamos fazendo nos últimos anos é aproveitar quando o mercado é mais positivo para sermos mais rápidos na direção da composição ótima da dívida", disse.

O subsecretário destacou que em 2014 há menos incertezas do que no final do ano passado. "Em 2013, estávamos com uma incerteza absurda da política monetária norte-americana. Ainda tem, mas há um consenso de que será gradual.

Tinha a eleição (no Brasil) e dúvida até em torno da Copa do Mundo. Vínhamos de um ano de manifestações (populares) que gerou muita incerteza. Havia mais dúvidas no inicio desse ano do que para o início de 2015", afirmou Valle que disse não acreditar no risco de perda de grau de investimento do Brasil.

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