Economia

Passagens aéreas sobem 9,02% em dezembro mesmo após medidas do governo

Governo federal anunciou acordo com aéreas para descontos em passagens, mas programa Voa Brasil ficou para 2024

Aeroporto de Viracopos, em Campinas  (Divulgação/Divulgação)

Aeroporto de Viracopos, em Campinas (Divulgação/Divulgação)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 28 de dezembro de 2023 às 10h42.

Última atualização em 28 de dezembro de 2023 às 10h53.

As passagens aéreas ficaram 9,02% mais caras nas últimas semanas, mostram dados do IPCA-15, divulgados pelo IBGE nesta quinta, 28. O item foi o que teve maior alta entre os elementos que compõem o índice, um dos principais medidores da inflação no país.

O grupo Transportes passou de uma elevação 0,18% em novembro para um aumento de 0,77% em dezembro, uma contribuição de 0,16 ponto porcentual para a inflação geral de 0,40% medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) deste mês.

Ao comentar o resultado do IPCA-15, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a alta das passagens é o fator que mais vem pressionando o índice e que isso gera preocupação. "Elas cresceram 65% nos últimos 4 meses. Já estavam caras, e subiram 65%, o que está impactando o IPCA. Não é uma inflação que afeta toda a sociedade, mas afeta quem faz uso desse meio de transporte", disse, em entrevista coletiva.

No dia 18 de dezembro, o Ministério de Portos e Aeroportos anunciou medidas para reduzir preços das passagens aéreas, com foco em descontos. As empresas Azul, Gol e Latam prometeram vender milhões de passagens a preços mais baixos, com bilhetes a partir de R$ 199.

No entanto, o programa Voa Brasil, que promete oferecer passagens com desconto para alguns públicos, como idosos e estudantes, ficou para 2024. Após vários adiamentos, a perspectiva atual é que a iniciativa seja anunciada em janeiro.

Em novembro de 2023, o mercado doméstico aéreo no Brasil teve 7,6 milhões de passageiros transportados, volume 6,3% menor do que em novembro de 2019, antes da pandemia. A oferta de assentos caiu 3% na mesma comparação. Os voos tiveram ocupação média de 82,9%, segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

Outros dados do IPCA-15

Os dados do IPCA-15 de dezembro mostram que o preço dos combustíveis recuaram 0,27% em dezembro. A gasolina ficou 0,24% mais barata. Houve quedas também no etanol (-0,35%) e no óleo diesel (-0,75%). O gás veicular subiu 0,08%.

O táxi teve alta de 0,83%, devido ao reajuste de 6,67% em São Paulo a partir de 28 de outubro. O ônibus urbano aumentou 1,91%, influenciado pelo reajuste de 6,12% em Salvador a partir de 13 de novembro e pela recomposição de preços em São Paulo.

"Em São Paulo, destaca-se a alta de 6,67% nos subitens trem, metrô, ônibus urbano e integração de transporte público, que haviam recuado 6,25%, no mês anterior, em decorrência da gratuidade concedida nos transportes metropolitanos para toda a população nos dias de realização das provas do Enem", explicou o IBGE.

Alimentação e bebidas

Os preços dos alimentos ficaram mais caros em dezembro. O grupo Alimentação e bebidas saiu de uma alta de 0,82% em novembro para uma elevação de 0,54% em dezembro, uma contribuição de 0,12 ponto porcentual para a taxa de 0,40% registrada pelo IPCA-15 neste mês, informou o IBGE.

A alimentação no domicílio subiu 0,55% em dezembro. Houve altas de preços na cebola (10,63%), batata-inglesa (10,32%), arroz (5 46%) e carnes (0,65%). Na direção oposta, as famílias pagaram menos pelo tomate (-7,95%) e leite longa vida (-1,91%).

A alimentação fora do domicílio aumentou 0,53%. A refeição fora de casa subiu 0,46%, e o lanche avançou 0,50%.

Entenda a pesquisa IPCA-15

Para o cálculo do IPCA-15, a metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica. Os preços foram coletados no período de 15 de novembro a 14 de dezembro (referência) e comparados com aqueles vigentes de 14 de outubro a 14 de novembro (base).

O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários-mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia. A próxima divulgação do IPCA-15, referente a janeiro, será no dia 26 do mês que vem.

Com Estadão Conteúdo e Agência O Globo.

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