Economia

Participação do e-commerce tende a se expandir no longo prazo

Opinião: Os dados mostram maior preferência dos consumidores por compras online no dia a dia e maior difusão dos tipos de produtos que são consumidos pelas plataformas online

1 - Vendas na internet (Getty Images)

1 - Vendas na internet (Getty Images)

IT
Isabela Tavares

Analista da Tendências Consultoria

Publicado em 26 de dezembro de 2024 às 15h54.

Isabela Tavares e Giulia Mazzieri*

Nos últimos anos, o comércio eletrônico tem se consolidado no Brasil como importante canal de vendas para o comércio varejista e opção de consumo para a população, impulsionado tanto pelo avanço tecnológico quanto pelas mudanças nos hábitos de consumo do brasileiro.

Mesmo após a pandemia e o retorno das atividades presenciais, o e-commerce seguiu evoluindo, reflexo de investimentos em infraestrutura de entregas e avanços tecnológicos nas plataformas online, que possibilitaram, inclusive, a maior circulação de mercadorias entre estados brasileiros.

A análise da evolução do e-commerce aponta que sua participação no comércio total tende a se expandir ainda mais nos próximos anos. Além disso, os dados mostram maior preferência dos consumidores por compras online no dia a dia e maior difusão dos tipos de produtos que são consumidos pelas plataformas online.

Entre 2016 e 2019, o faturamento bruto do comércio eletrônico, de acordo com uma análise de notas fiscais eletrônicas, era de R$ 44,5 bilhões por ano em média, o que representa crescimento de 13,2% (variação deflacionada por preços de 2024).

Em 2020, houve um salto no crescimento real, de 78,6% em relação a 2019. Nos dois anos seguintes, o crescimento médio real subiu para 22,8% entre 2021 e 2022, com uma média de R$ 171,4 bilhões de faturamento bruto do comércio eletrônico no Brasil. Em 2023, o e-commerce movimentou R$ 196,1 bilhões em notas fiscais eletrônicas.

Além de apresentar aumento no faturamento bruto, o e-commerce ganha relevância dentro do comércio varejista total, conforme estimativas da Tendências com base na Pesquisa Anual do Comércio (PAC-IBGE).

Em 2019, a sua participação foi de 3,9% dentro do varejo para 6,6% em 2020 e para 8,5% em 2023 (estimativas com base na projeção de crescimento da Tendências para a receita do varejo). Isso reflete não apenas o aumento da demanda, mas também os investimentos em infraestrutura e tecnologia, o que reforça a expectativa de que o setor continuará a prosperar, apoiado pela expansão da conectividade e pelo aprimoramento dos serviços logísticos e de atendimento ao cliente.

Há, ainda, concentração na participação regional do Sudeste como maior consumidor e emitente de produtos pelo canal eletrônico.

Em 2023, o estado de São Paulo respondeu por 48,5% do total do e-commerce como emitente das notas fiscais e, como estado destinatário, respondeu por 32,7%. Em segundo lugar, aparece Minas Gerais, com 12,3% como estado emitente e 11,3% como estado destinatário.

No mesmo ano, a região Sudeste foi responsável por mais de 70% do valor total bruto de emitentes e mais de 50% como região destinatária dos produtos vendidos por comércio eletrônico.

Já regiões como Centro-Oeste e Nordeste possuem menor participação como estados emitentes (3,0% e 7,0%, respectivamente) e maior como destinatários (8,4% e 15,9%, respectivamente), explicitando maior demanda, o que aumenta sua dependência de mercadorias vindas do Sudeste.

Os dados também possibilitam analisar como a evolução do comércio eletrônico vem contribuindo para o desenvolvimento do setor varejista em outros estados além da região Sudeste. A região Sul representava 12,3% como região emitente das notas fiscais eletrônicas em 2016 e, em 2023 chegou a 15,2%.

Apesar da participação crescente do Sul no que diz respeito à presença de empresas varejistas, o desenvolvimento regional do Brasil mostra oportunidades para o setor de varejo eletrônico, auxiliando também no desenvolvimento de infraestrutura e investimentos em rodovias e centros de distribuição por todo o País.

Já a análise por categoria de produtos no comércio eletrônico destaca o peso significativo de eletrônicos e eletrodomésticos, que lideram em volume de vendas e se destacam pela demanda constante. Esses itens são favorecidos pela digitalização das compras e pela expansão de serviços de entrega rápida. Outros segmentos, como moda e alimentos, mostram participação relevante, refletindo a diversificação da demanda online.

A análise do e-commerce permite observar maior utilização desse canal no dia a dia das pessoas, seja pelo crescimento na participação em relação ao varejo total ou pela diferenciação no consumo de datas comemorativas.

Segundo os dados da ABComm, em 2018, as vendas em datas comemorativas representavam 33% do total do faturamento do e-commerce. Nos anos seguintes, essa participação diminuiu e chegou a 27,5% em 2023.

Como movimento contrário, observa-se que, para os shopping centers, a movimentação tem crescido justamente nas semanas das datas comemorativas, mostrando uma possível inversão de padrão de consumo dos brasileiros.

De acordo com dados da Mais Fluxo e do IPEC, o Iflux (Índice de Fluxo de Pessoas em Shopping Centers), quase todas as datas comemorativas deste ano apresentaram um fluxo de pessoas nos shoppings maior do que comparado com 2023.

Em termos prospectivos, o ambiente de renda mais elevada, dada a maior resiliência do mercado de trabalho, favorece o e-commerce e deve manter o volume de vendas elevado.

Contudo, assim como para o varejo físico, há riscos ao cenário de crescimento, considerando as pressões inflacionárias no orçamento familiar e as condições de crédito menos atrativas, que afetam ainda mais as vendas de bens duráveis, de grande relevância para o comércio eletrônico.

Isabela Tavares e Giulia Mazzieri são analistas da Tendências Consultoria.

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