França: país não mudou suas "linhas vermelhas" na negociação, perante a pressão dos grandes sindicatos agrícolas do país contra um eventual compromisso (Regis Duvignau/Reuters)
EFE
Publicado em 21 de fevereiro de 2018 às 15h09.
Paris - O Governo francês afirmou nesta quarta-feira que não mudou suas "linhas vermelhas" na negociação de um acordo de livre-comércio entre a União Europeia (UE) e Mercosul, perante a pressão dos grandes sindicatos agrícolas do país contra um eventual compromisso.
"Agora não há as condições para uma assinatura" do acordo, ainda que "tenhamos feito avanços há alguns meses", sublinhou o ministro francês de Agricultura, Stéphane Travert, na sessão de controle ao Executivo perante a Assembleia Nacional (Câmara Baixa).
Paris, insistiu, segue defendendo suas "linhas vermelhas", em particular a favor do setor bovino.
Isso passa por limitar as importações de carne fresca isentas de tarifas e rejeitar a produção procedente de "fazendas intensivas" ou de animais sacrificados após terem sido explorados, como as vacas leiteiras, bem como por estabelecer "um mecanismo de salvaguarda" para "poder reagir em caso de desestabilização" do mercado.
"Seremos extremadamente vigilantes", afirmou o ministro, que apontou que "a França tem uma posição constante" e conseguiu que outros 12 países comunitários apoiem sua postura.
Travert negou que tenha aceitado aumentar para 99 mil toneladas de carne a quota de entrada sem tarifas e disse que segue trabalhando com o ideal de 70 mil.
Estas palavras foram ditas em um dia no qual a Federação Nacional de Sindicatos de Exploradores Agrícolas (FNSEA) e Jovens Agricultores (JA) organizaram dezenas de atos de protesto contra um eventual pacto nos quais, segundo seus números, participaram cerca de 20 mil pessoas.
Patrick Bénézit, secretário-geral adjunto da FNSEA, o principal sindicato agrícola da França, explicou à Efe que essas ações se desenvolveram principalmente diante das prefeituras (delegações do Governo), mas também em estradas e inclusive em estações de esqui.
Bénézit indicou que pretende que "esta negociação se desenvolva o mais rápido possível", porque as obrigações às quais estão submetidos os agricultores europeus em termos de normas sanitárias e meio ambientais "estão em contradição" com a ausência de regras nos países do Mercosul.
Segundo a máxima responsável da FNSEA, Christiane Lambert, esse acordo poderia supor o desaparecimento na França de 30 mil explorações agrícolas.