Economia

Parcela do câmbio na dívida interna fica abaixo de 10%

Proporção da dívida mobiliária, em títulos, interna atrelada ao dólar passou de 10,57%, em maio, para 9,91% em junho


	 Dívida mobiliária interna atrelada ao dólar ficou em 9,91% em junho
 (REUTERS/Sergio Moraes)

Dívida mobiliária interna atrelada ao dólar ficou em 9,91% em junho (REUTERS/Sergio Moraes)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de julho de 2014 às 15h59.

Brasília - Pela primeira vez, desde dezembro do ano passado, a parcela da dívida interna corrigida pelo câmbio ficou abaixo de 10%. Segundo números divulgados há pouco pelo Tesouro Nacional, a proporção da dívida mobiliária – em títulos – interna atrelada ao dólar passou de 10,57%, em maio, para 9,91% em junho. Foi a segunda redução mensal seguida no indicador.

Além da queda percentual, a dívida interna vinculada ao câmbio caiu em valores absolutos, de R$ 214,64 bilhões, em maio, para R$ 209,18 bilhões em junho. A fatia do dólar na dívida interna começou a subir no ano passado depois que o Banco Central (BC) decidiu vender dólares no mercado futuro para segurar a cotação da moeda norte-americana. Chamadas de swap cambial tradicional, essas operações aumentam a participação do dólar na dívida pública interna.

Apenas no ano passado, o BC injetou US$ 100 bilhões no mercado futuro. Neste ano, a autoridade monetária está leiloando US$ 200 milhões diários. Recentemente, o banco anunciou que continuará com os leilões de swap até pelo menos o fim do ano.

A proporção da dívida interna vinculada ao dólar está no maior nível desde novembro de 2004, quando atingiu 10,35%. O percentual leva em conta os critérios do BC. Ao considerar os parâmetros do Tesouro Nacional, que desconsidera as operações de swap da dívida pública, a fatia do câmbio é bem menor e caiu de 0,53%, em maio, para 0,51% em junho.

Apesar de estar no maior nível em oito anos, a exposição da dívida pública ao câmbio continua em percentuais inferiores aos observados em crises econômicas anteriores. Em dezembro de 1999, por exemplo, a parcela da dívida corrigida pelo câmbio somava 22,82%. Em dezembro de 2002, quando o real sofreu um forte ataque especulativo, a proporção chegou a 37%.

Depois de apresentar melhora em maio, a composição da Dívida Pública Federal (DPF) continuou a evoluir favoravelmente no mês passado. A proporção de títulos prefixados – com taxas definidas com antecedência – na dívida mobiliária interna subiu de 40,82% em maio para 41,85% em junho. A fatia dos papéis corrigidos por índices de inflação caiu de 38,36% para 37,69%. A parcela de títulos corrigidos pela Selic, taxa básica de juros da economia, subiu levemente, passando de 10,24% para 10,56%.

Com taxas definidas antecipadamente, os títulos prefixados são preferíveis para o Tesouro Nacional, porque dão maior previsibilidade à administração da dívida pública. Em contrapartida, os papéis vinculados à Selic representam mais risco, porque pressionam a dívida para cima, caso o BC tenha de reajustar os juros básicos por causa da inflação.

O prazo médio de vencimento da DPF caiu para 4,32 anos em junho, a segunda queda mensal seguida. O Tesouro Nacional não divulga o resultado em meses, apenas em anos. A participação dos vencimentos nos próximos 12 meses ficou praticamente estável, passando de 28,74% para 28,63%. Prazos mais longos são favoráveis ao Tesouro porque dão ao governo mais tempo para planejar e executar as operações de rolagem (renegociação) da dívida pública.

Por meio da dívida pública, o governo pega emprestado dos investidores recursos para honrar compromissos. Em troca, compromete-se a devolver os recursos com alguma correção, que pode ser definida com antecedência, no caso dos títulos prefixados, ou seguir a variação da taxa Selic, da inflação ou do câmbio.

Acompanhe tudo sobre:CâmbioDívida públicaMercado financeiroTesouro NacionalTítulos públicos

Mais de Economia

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto

Manifestantes se reúnem na Avenida Paulista contra escala 6x1