De acordo com o levantamento, a terceirização permite que a empresa corte custos inerentes a vagas de não terceirizados (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 17 de outubro de 2011 às 16h59.
São Paulo - Há dois anos está em curso uma queda na participação de empregados terceirizados em relação ao total de trabalhadores formais no Estado de São Paulo. Enquanto em 2008 os terceirizados representavam próximo de 30% dos empregos formais gerados, em 2010 eram 13,6%. É o que mostra pesquisa do Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros, Colocação e Administração de Mão de Obra, Trabalho Temporário, Leitura de Medidores e Entrega de Avisos do Estado de São Paulo (Sindeepres), divulgada hoje.
No entanto, segundo o levantamento, a queda relativa de empregados nessa condição se deve "à forte elevação dos postos de trabalho não terceirizados", já que em números absolutos a terceirização apresentou crescimento tanto no total de trabalhadores quanto no de empresas que recorreram a ela. Além disso, os dados revelam que essas pessoas recebem, em média, metade do valor estimado do salário médio real dos trabalhadores em geral.
A pesquisa Trajetórias da Terceirização aponta que, em 1994, eram 100 mil empregados terceirizados distribuídos em aproximadamente 500 empresas. No ano seguinte, ocorreu o início de um crescimento do setor, chegando em 2010 a 700 mil trabalhadores que se enquadram nessa condição em 5,4 mil companhias.
"Os empregos de terceirização aumentam continuadamente, ainda que tenham perdido importância relativa na década de 2000, devido à forte elevação dos postos de trabalho não terceirizados, tendo em vista o retorno do crescimento econômico com mais geração de novos postos de trabalho", conclui o documento.
De acordo com o levantamento, a terceirização permite que a empresa corte custos inerentes a vagas de não terceirizados. Uma prova disso é a comparação entre os salários dos dois tipos de trabalhadores. O salário real médio dos empregados terceirizados no Estado de São Paulo representa cerca de 53% do valor estimado da remuneração real média dos trabalhadores em geral.
Além disso, de acordo com gráficos contidos na pesquisa, desde 2005 essa relação não sofre grande alteração, oscilando entre 53% e 55% do vencimento real médio da mão de obra não terceirizada. Os salários dos terceirizados apresentaram crescimento médio real de 0,3% ao ano de 1999 a 2010, saindo de R$ 897,2 para R$ 972,4. Ao considerar todo o período analisado pelo Sindeepres - desde 1985 -, a elevação média foi de 2,3% ao ano.
Esses números se diferenciam dos dados de outro estudo, da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Divulgado no começo do mês e com base na Relação Anual de Informações Sociais (Rais), na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) e em dados de sindicatos, o levantamento concluiu que os funcionários terceirizados recebem salários em média 27,1% menores do que aqueles contratados diretamente pelas empresas. O estudo da CUT leva em consideração informações relativas a todo o País.
A respeito da escolaridade, os empregados com ensino médio completo foram os que ganharam mais espaço no setor. Se em 1985 eles representavam 5% do total de terceirizados, em 2010 eles já eram 59%. Aqueles com apenas o ensino fundamental, por outro lado, eram 92% no início da série e agora estão em 32%. Os funcionários com ensino superior, por sua vez, passaram de 2% em 1985 para 9% em 2004, e daí não avançaram mais.