Milho: semeadura do grão precisa ser preferencialmente concluída até meados de março para reduzir riscos de influências climáticas (GERMANO LUDERS/Exame)
Reuters
Publicado em 3 de abril de 2018 às 15h25.
O Paraná concluiu na virada de março para abril o plantio do milho de segunda safra 2017/18, com um atraso de cerca de duas semanas ante a média histórica, deixando as lavouras mais expostas a eventuais geadas durante o outono, de acordo com especialistas ouvidos pela Reuters.
A semeadura do chamado milho safrinha transcorreu com mais lentidão em 2018 no Estado, o segundo maior produtor do cereal depois de Mato Grosso. O motivo foi a colheita também lenta da soja, impactada por condições climáticas desfavoráveis entre janeiro e fevereiro.
O milho de segunda safra é geralmente plantado após a retirada da oleaginosa do campo, e sua semeadura precisa ser preferencialmente concluída até meados de março.
Isso evita que a planta ainda em desenvolvimento seja prejudicada por um eventual frio intenso no outono --a colheita se dá com força a partir de julho, no inverno, quando as lavouras já estão maduras.
Segundo o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Rural Clima, quando o plantio se dá dentro da janela ideal, as plantações ficam suscetíveis a problemas climáticos até meados de maio. Mas neste ano, com o atraso na semeadura, os riscos trazidos por geadas, por exemplo, foram estendidos até junho, quando há maior probabilidade desses fenômenos ocorrerem.
"(O milho) está mais suscetível por causa da janela de plantio, que se estendeu e, logicamente, estendeu o risco de geadas. O mês de abril não mostra, até o momento, nenhum risco de geada. O que está se mostrando é a entrada de massas de ar polar mais intensas no começo de maio e início de junho", afirmou.
Segundo ele, a probabilidade de ocorrência de geadas é alta com essas massas de ar polar, mas a concretização do fenômeno só poderá ser determinada mais para frente.
Na mesma linha, o economista Marcelo Garrido, do Departamento de Economia Rural (Deral), disse que os produtores paranaenses ficarão em alerta nas próximas semanas.
"Temos uma tendência de ter uma safra não tranquila. A janela não foi perfeita, o produtor fica um pouco mais atento. Dependendo do ano, podemos ter uma geada mais precoce. Se ocorrer uma geada, podemos ter um probleminha", afirmou Garrido.
Segundo ele, as plantações ao sul do Estado seriam as mais suscetíveis a prejuízos em caso de geadas.
Problemas climáticos adicionariam ainda mais pressão sobre uma safra paranaense, que já tende a ser menor em razão da queda na área plantada.
O Paraná semeou 2,15 milhões de hectares com milho safrinha na temporada 2017/18, recuo de 11 por cento ante 2016/17, e deve colher 12,3 milhões de toneladas do cereal, menos 7 por cento na comparação com o ciclo anterior.
O milho de primeira safra, cuja colheita alcança 59 por cento da área, deve somar produção de 2,85 milhões de toneladas, queda de 42 por cento ante 2016/17.
Em relação à soja, em fase final de colheita, com os trabalhos já concluídos em 84 por cento da área, o Paraná deve produzir 19,11 milhões de toneladas, 4 por cento menos em relação à temporada passada.