Greve em 2018: os 10 dias que pararam o Brasil. (NELSON ALMEIDA/AFP via Getty Images/Getty Images)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 31 de outubro de 2022 às 20h10.
Última atualização em 31 de outubro de 2022 às 20h23.
O setor produtivo brasileiro monitora com atenção a paralisação dos caminheiros que bloqueou rodovias em pelo menos 236 pontos de todo o país nesta segunda-feira 31, segundo a Polícia Rodoviária Federal. Uma série de interrupções no trânsito de veículos passou a ser relatada nas redes sociais em vários pontos do Brasil a partir das primeiras horas da manhã.
Em vídeos que circulam nas redes sociais, manifestantes contestam a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Lula venceu o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), com 50,9% dos votos e voltará ao cargo em janeiro para um terceiro mandato.
A Confederação Nacional dos Transportes (CNT) emitiu um comunicado no fim da tarde em que se posicionou contrariamente à paralisação. "Além de transtornos econômicos, paralisações geram dificuldades para locomoção de pessoas, inclusive enfermas, além de dificultar o acesso do transporte de produtos de primeira necessidade da população, como alimentos, medicamentos e combustíveis", diz a entidade.
Segundo levantamento feito por EXAME, diversos setores não sentiram impactos diretos da mobilização e garantem não haver desabastecimento. As entidades ressaltam, porém, que a situação pode mudar se a interrupção nas estradas permanecer por mais dias.
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Em 2018, a greve dos caminhoneiros contra o aumento dos combustíveis, que durou dez dias, gerou perdas estimadas em mais de 75 bilhões de reais, segundo as entidades ligadas ao setor produtivo. Além dos dias parados, a retomada à normalidade levou quase um mês.
José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), afirma que a paralisação não afetou as entregas de cargas. "Ainda não analisamos os impactos pois imaginamos que rapidamente irá terminar, se não ocorrer iremos analisar os efeitos. Temos a crise dos caminheiros na época do governo Temer que foi muito difícil administrar, esperamos que esta se resolva rapidamente para não haver problemas", disse.
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Em nota, a Associação Paulista de Supermercados (APAS) disse que monitora com atenção a cadeia de abastecimento. "Segundo relatos dos mais de 4.500 supermercados associados, não detectando até o momento qualquer anormalidade em função dos bloqueios de rodovias promovidos por caminhoneiros e tão pouco a escassez de produtos em decorrência do hábito de consumo por parte da população".
Ainda na área de alimentação, a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) informou, por meio de um comunicado oficial, que até a manhã desta segunda-feira "não houve impactos ou reflexos dos bloqueios realizados nas rodovias".
O setor de agronegócios também vê com atenção a paralisação. Arlindo Moura, presidente do Conselho de Administração da Santa Colomba Agropecuária, um dos maiores grupos agrícolas do país, afirma que os reflexos seriam maiores se não fosse entressafra. "Neste momento estamos em pleno plantio, mas os insumos já estão nas fazendas dos produtores. De qualquer forma sempre atrapalha, visto que o combustível para o plantio é comprado na medida da demanda", diz.
Procurada pela reportagem, a Abrafarma relatou que, até o fim desta segunda-feira, nenhum dos associados enfrentou problemas no recebimento de produtos e insumos, mas que monitora com cautela os desdobramentos das interrupções nas rodovias.
O Mercado Livre, que depende essencialmente do modal rodoviário para as entregas das mercadoras, disse que acompanha as movimentações em torno das paralisações pelo país. "De maneira preventiva, dada a imprevisibilidade das movimentações, alterou o prazo de entrega para algumas localidades, a fim de cumprir ao máximo com o prazo informado durante a compra", informou a empresa por meio de nota.