Franco: ele assumiu o poder após um controvertido julgamento político parlamentar no qual o presidente Fernando Lugo foi destituído (AFP/ Norberto Duarte)
Da Redação
Publicado em 2 de abril de 2013 às 13h05.
Madri - O presidente do Paraguai, Federico Franco, afirmou nesta terça-feira que seu país deverá ser reconhecido como o que freou a expansão na América Latina do eixo bolivariano, liderado pela Venezuela, embora tenha expressado a esperança de que as relações com Caracas melhorem após as eleições que serão realizadas em abril em ambos os países.
"Algum dia a história vai reconhecer o Paraguai como o país que pôde conter e derrotar o eixo bolivariano em sua expansão latino-americana", afirmou Franco, em entrevista à Agência Efe em Madrid, onde nesta terça-feira se reúne com o chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy.
Esta é a primeira visita de Franco à Espanha desde que, em junho de 2012, assumiu o poder após um controvertido julgamento político parlamentar no qual o presidente Fernando Lugo foi destituído, uma crise que provocou o isolamento regional do Paraguai.
"O isolamento ao qual meu país foi submetido é absolutamento injusto. O Paraguai é um país livre, soberano e independente, para sempre, como reza a nota de emancipação da Espanha", afirmou Franco, que espera que as próximas eleições de 21 de abril terminem com essa situação.
"Nós não aceitamos ingerências, nem ideologias e nem decisões de países estrangeiros. E não será o bolivarianismo que fará imposições sobre o que temos que fazer no país", ressaltou o presidente do Paraguai.
Franco reiterou que o procedimento parlamentar pelo qual Lugo foi destituído foi totalmente ajustado à Constituição, e que a suspensão do Paraguai dos blocos regionais Mercosul e Unasul, sete dias depois, "foram totalmente injustas e prejudiciais para os interesses do país".
O líder destacou que o atual presidente encarregado da Venezuela, Nicolás Maduro - que foi declarado "persona non grata" no Paraguai por ingerências nos assuntos internos durante a crise de destituição de Lugo - "foi designado por vontade de Hugo Chávez" e "não tem nenhum respaldo e nenhuma legitimidade".
No entanto, desejou que após as eleições da Venezuela de 14 de abril, "com o presidente, as relações voltem a existir".
Com respeito às eleições gerais que acontecerão no Paraguai em 21 de abril, cumprindo assim o prazo em que deveria acabar o mandato de Lugo, Franco prometeu que com o novo eleito, "seja quem for", "iniciará até 15 de agosto - quando o novo presidente assumir - um período de relação harmônica para que a transição seja a menos traumática, a mais previsível e a mais segura para os interesses do país".
"Seja quem for o ganhador, vamos acompanhá-lo. Meu coração é previsível, sou de um partido político e espero que ganhe o candidato de meu partido", afirmou, em referência ao liberal Efraín Alegre, embora as enquetes apontem uma vantagem ao colorado Horacio Cartes.
Com relação ao relatório no qual o Comitê de Direitos Humanos da ONU pediu na semana passada uma investigação independente sobre o massacre de 17 pessoas em Curuguaty, o que culminou uma semana depois na destituição de Lugo, Franco afirmou que "não passa de ser uma recomendação".
"Eu não fui o presidente quando aconteceu a massacre, isto ocorreu durante o Governo de Lugo. O assassinato de seis membros da Polícia e 11 camponeses é responsabilidade única e exclusiva do Governo de Fernando Lugo. Nossa participação é zero", insistiu.
O presidente do Paraguai destacou que sua visita oficial à Espanha para se reunir com Rajoy procura "ratificar o compromisso de boas relações com a mãe pátria e seduzir os empresários".
Franco considerou que "as relações com a Espanha nunca estiveram deterioradas" apesar do Paraguai não ter sido convidado para Cúpula Ibero-Americana de Cádiz de novembro, precisamente para evitar outros líderes se ausentassem.
"Nossas relações sempre foram absolutamente harmônicas e proporcionais. O Paraguai é um lugar seguro, previsível, há estabilidade jurídica, política e tributária, e nunca recorreu a nenhum Governo para nacionalizar empresa de ninguém e muito menos espanhola", ressaltou.
Por isso, defendeu que o Paraguai pode ser "o trampolim para que a Espanha possa chegar a outros países do Mercosul", já que existe a "grande capacidade de poder investir nos produtos gerados no Paraguai dentro da região, com um potencial de 300 milhões de habitantes, entre Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai e Bolívia".