Banco Central: para o ex-diretor, o BC sinaliza que "está preparando o terreno" para limitar alta da taxa de juros em novembro, num patamar de 9,75%, como forma de controlar a inflação (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 6 de setembro de 2013 às 18h00.
Rio - O economista e ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman avalia que a inflação bem comportada, de acordo com os dados do IPCA (indicador oficial da inflação) divulgados nesta sexta-feira, 6, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), "parece mais um acidente do que uma característica permanente".
Segundo análise dele enviada a investidores, há uma desaceleração em curso, que indica uma "provável" taxa inferior a 6% no fim do ano. O economista alerta, entretanto, que há "motivos de preocupação" com informações detalhadas do índice.
"A inflação ainda parece bastante difundida, uma vez que o índice de difusão aumentou para 58,6%, acima da média para o mês (56,1%). A difusão entre os produtos não alimentícios chegou a 61,6%, também superior à média registrada no mês durante o período de 2005-12. Ambas as descobertas apontam para a inflação mais ampla do que o habitual", afirma o relatório do sócio da Schwartsman & Associados.
O economista destaca ainda que a inflação de serviços segue em alta, com 0,6% em agosto, "o que sugere que as pressões subjacentes não estão diminuindo".
Schwartsman também cita a alta de preços para bens duráveis, iniciando um processo de repasse para o consumidor da desvalorização cambial. O economista informa que os produtos do setor subiram 0,48% no mês de agosto, acumulando 2,70% em 12 meses. "Esta é a leitura mais alta desde janeiro de 2006, uma indicação de que o pass-through da desvalorização cambial para os preços domésticos está começando a aparecer."
Para o ex-diretor, o BC sinaliza que "está preparando o terreno" para limitar a alta da taxa de juros em novembro, num patamar de 9,75%, como forma de controlar a inflação. Na opinião de Schwarstman, a medida "está longe de ser suficiente para mudar a dinâmica da inflação, mas há limites que o Banco Central não parece disposto a transgredir", diz, em referência à política monetária do governo.