Presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro (Pilar Olivares/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de outubro de 2017 às 14h47.
Santos - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro disse neste sábado (21) que 2018 representará um momento de inflexão, em que o País terá uma janela aberta para aprender a dar respostas rápidas. "2018 é uma janela importante, é a janela de resposta política, que é a única legítima na democracia", disse, em palestra no IV Encontro Paulista de Economistas, em Santos, litoral de São Paulo.
De acordo com Rabello, o Brasil está de "pernas para o ar", penalizado todos os dias pela sequência de "escândalos" noticiados diariamente. "Essa sequência é um mar de lama muito maior do que o de Mariana", compara, ao referir-se ao rompimento de barragem na cidade mineira em novembro de 2015.
Em tom otimista, o presidente do BNDES pediu que os brasileiros não desistam do próprio País, afirmando que "somos nossos próprios adversários". "Estamos no fundo do poço, e é aí que pegamos a escada e começamos a subir. Ou organizamos a lojinha, ou vamos todos para o inferno. E aqui é o céu".
Rabello salientou que o Brasil País precisa organizar o mercado de trabalho."Inviabilizamos o trabalho para viabilizar os juros", destacando que o PIB só retomará com investimento e trabalho. "Não adianta pedir para o BNDES mandar cheque se não organizarmos o trabalho".
Críticas
O presidente do BNDES voltou a criticar a decisão do governo de pedir a devolução de R$ 180 bilhões do banco ao Tesouro Nacional. "Em um País que não tem caixa nenhum, o pessoal fica olhando esquisito, pedindo para o BNDES devolver dinheiro [ao Tesouro Nacional], esterilizando o dinheiro do banco e acabando com a possibilidade de bancarmos o desenvolvimento nacional, sob os mais estúpidos argumentos", disse.
O governo federal pediu que o BNDES devolva os recursos antecipadamente ao Tesouro, com o objetivo de reduzir a dívida pública bruta. A questão tem sido motivo de embates frequentes entre as duas instituições. O banco alega que a devolução irá comprometer ainda mais a 'folga' de caixa do BNDES em 2018, calculada em R$ 42 bilhões.