Aníbal Cavaco Silva: "Já expliquei no passado de forma muito clara que não é pela via dos salários baixos que resolveremos o futuro dos problemas da economia portuguesa", afirmou o presidente.
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2013 às 16h39.
Lisboa - O presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, defendeu nesta quinta-feira que a solução para recuperar a economia nacional não é transformar Portugal em um país com baixos salários, mas sim, investir em inovação e desenvolvimento.
Em declarações aos jornalistas durante um ato no município de Lousado (norte do país), Cavaco Silva se recusou a falar de forma explícita sobre o aumento do salário mínimo, atualmente no centro do debate político, mas deixou clara sua postura sobre o modelo de país que prefere.
"Já expliquei no passado de forma muito clara que não é pela via dos salários baixos que resolveremos o futuro dos problemas da economia portuguesa", afirmou o presidente, que lembrou que dentro da própria União Europeia já existem países com salários inferiores a Portugal.
Cavaco Silva ressaltou que a receita passa por apostar "na inovação, na criatividade, na penetração de novos mercados, na criação de marcas, no apoio aos clientes e na qualidade"
O chefe do Estado considerou, além disso, que a chave para reverter a crise econômica (em 2013 é esperada uma queda de 2,3% do PIB) e a forte alta do desemprego (que pode superar os 18% neste ano) se encontra no turismo, nas exportações e no aumento do consumo interno.
A recuperação do consumo levou organizações patronais e sindicatos a solicitarem ao governo um aumento do salário mínimo, mas para isso é necessário também a permissão da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que supervisionam o resgate financeiro de Portugal.
O salário mínimo está fixado atualmente em 485 euros mensais em 14 pagamentos anuais, um valor congelado desde 2011.
No memorando de entendimento assinado pelas autoridades portuguesas com a UE e o FMI em troca do resgate em abril de 2011, uma das condições é "a garantia de que os custos trabalhistas estejam relacionados com a competitividade, por isso, qualquer aumento do salário mínimo só poderá acontecer se as condições econômicas justificarem" ou por um acordo entre todas as partes.
O chefe de Estado português se tornou uma das vozes mais críticas com as políticas de austeridade aplicadas em toda a Europa e reivindicou com insistência uma mudança para facilitar o retorno do crescimento e da geração de emprego.