A previsão é que as economias emergentes voltem a se destacar no cenário mundial (Getty Images)
João Pedro Caleiro
Publicado em 27 de outubro de 2016 às 18h52.
Última atualização em 27 de outubro de 2016 às 19h06.
São Paulo – Apesar de avançar na agenda fiscal, o Brasil ainda vai ter que esperar um pouco para ver a recuperação da economia em dados concretos.
A estimativa do Itaú Unibanco é que o PIB do 3º trimestre, a ser divulgado daqui um mês, vai trazer uma nova contração de 0,5% após a queda de 0,6% no 2º tri.
“Nessa fase do ciclo é normal ter muita volatilidade dos dados. Nem os fundamentos nem as nossas projeções mais para a frente mudaram muito”, disse o economista Felipe Salles em reunião com jornalistas nessa quinta-feira (27).
Os últimos dados de atividade vieram mais fracos do que o esperado, mas os estoques da indústria teriam chegado a um ponto em que exigem mais produção mesmo sem recuperação da demanda.
A previsão do banco é de crescimento da economia brasileira de 2% em 2017 e 4% em 2018, mas mesmo assim o PIB só voltaria em 2019 para o pico registrado no início de 2014.
É um total de 5 anos perdidos, prazo ainda maior na conta de PIB per capita.
As recessões deixam marcas perenes que só vão ser entendidas com o tempo: não se sabe ainda o nível de destruição de capital ou de desperdício das habilidade dos trabalhadores que ficam fora do mercado.
A boa notícia é que o investimento deve se recuperar diante de uma combinação virtuosa de juros em queda, commodities estáveis e desalavancagem das empresas.
A recuperação do consumo só deve ficar para 2018, quando o mercado de trabalho voltar a mostrar uma dinâmica mais positiva.
Mário Mesquita, economista-chefe do banco, também notou que o teto de gastos causará uma “revolução cultural” nos parlamentares ao explicitar para a sociedade as escolhas do Orçamento.
Veja as previsões do Itaú Unibanco para o Brasil:
2015 | 2016 (est.) | 2017 (est.) | |
---|---|---|---|
PIB | -3,8% | -3,2% | 2% |
Desemprego (dezembro/PNAD) | 9,7% | 12,5% | 12,2% |
Inflação | 10,7% | 6,9% | 4,8% |
Selic (dezembro) | 14,3% | 13,5% | 10% |
Superávit primário (% do PIB) | -1,9% | -1,2% | -1,7% |
Mundo
A previsão geral do Itaú é que as economias emergentes voltem a se destacar no cenário mundial nos próximos anos, aumentando seu diferencial de crescimento em relação aos países mais desenvolvidos.
“Isso também tem a ver com a esperada melhora de alguns emergentes importantes como Brasil, Rússia e Argentina”, diz Mesquita.
O risco de uma vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas é considerado “baixo, mas não desprezível” e causaria desvalorização de moedas emergentes em relação ao dólar.
O risco é que um presidente Trump cause instabilidade e seja mais protecionista, afetando a moeda de grandes parceiros comerciais como o México, como já preveem alguns estudos.
No cenário-base, o diagnóstico do Itaú Unibanco é que a política monetária no mundo rico chegou a um limite: não dá mais nem para cortar juros nem para aumentar o estoque de ativos dos bancos centrais com o objetivo de estimular a economia.
A previsão é de uma zona do euro crescendo perto do potencial, Japão com 3 anos de crescimento (ainda que baixo) e Reino Unido sentindo os efeitos da saída da União Europeia (mas sem chegar a entrar em recessão).
Veja as previsões do Itaú Unibanco para o crescimento no mundo:
2013 | 2014 | 2015 | 2016 (est.) | 2017 (est.) | |
---|---|---|---|---|---|
Mundo | 3,4% | 3,4% | 3,1% | 3,1% | 3,5% |
EUA | 1,5% | 2,4% | 2,4% | 1,5% | 2,2% |
Zona do Euro | -0,4% | 0,9% | 1,5% | 1,5% | 1,3% |
Japão | 1,4% | 0,0% | 0,5% | 0,6% | 0,7% |
China | 7,8% | 7,3% | 6,9% | 6,6% | 6,3% |