Economia

Para governo, aumento do IPCA é passageiro

Uma fonte da equipe econômica afirmou que a inflação oficial de abril será "com certeza" inferior ao de março


	Tomate: os técnicos do governo dizem ter dados que apontam uma "acomodação" dos alimentos neste mês
 (Tânia Rêgo/ABr)

Tomate: os técnicos do governo dizem ter dados que apontam uma "acomodação" dos alimentos neste mês (Tânia Rêgo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2014 às 10h44.

Brasília - O governo federal avalia que a alta da inflação em março é passageira e que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já começou a ceder em abril. Uma fonte da equipe econômica afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que o IPCA de abril será "com certeza" inferior ao de março.

Os técnicos do governo dizem ter dados que apontam uma "acomodação" dos alimentos neste mês, movimento que deve se aprofundar a partir da segunda quinzena de abril e também ao longo de maio.

A avaliação de que abril será melhor do que março para a inflação é importante, e indica que é grande a preocupação, no governo, com a possibilidade de o IPCA ultrapassar o teto de 6,5% da meta perseguida pelo Banco Central (BC). Isso porque, caso o IPCA deste mês repita a alta de 0,9% de março, o índice acumulado em 12 meses vai superar 6,5%.

Um outro integrante da equipe econômica ouvido pelo jornal afirmou que, pelas características da inflação registrada em março, é possível ser otimista para o desempenho do IPCA nos meses de abril e maio.

A fonte destacou avaliação feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de que o grupo Alimentação e Bebidas representou um impacto de 0,47 ponto porcentual e foi responsável por 51% de todo o IPCA do mês passado.

Acrescentando a pressão originada no item Transportes, que registrou alta de 1,38% (impacto de 0,26 ponto porcentual), os dois grupos foram responsáveis por 79% do índice. "Já a partir de abril, esses itens começam a ceder", disse a fonte da equipe econômica.

Sazonalidade

Na avaliação dos técnicos, a Copa do Mundo deve proporcionar uma "nova sazonalidade" na inflação, pressionando os preços dos serviços em junho e julho. Mas, a partir do segundo semestre, a inflação deve recuar, também como efeito do aperto monetário conduzido pelo Banco Central, que vem elevando a taxa básica de juros há um ano.


O governo Dilma Rousseff está de mãos atadas na área fiscal, e não pode repetir neste ano medidas adotadas em 2013 para combater a alta de preços. No ano passado, com o IPCA aquecido também por causa dos alimentos, o governo antecipou em 45 dias a desoneração fiscal de todos os itens da cesta básica.

À época, o jornal O Estado informou que o pacote estava previsto para ser anunciado por Dilma no Dia do Trabalho, 1.º de maio, mas foi antecipado para o início de março como forma de atenuar o impacto no IPCA.

A medida teve efeito, e chegou a atrasar por um mês o inicio do ciclo de aperto monetário pelo BC, que começou somente em abril. Nesse período de elevação da Selic, o Banco Central levou a taxa básica de juros de 7,25% ao ano para o atual nível de 11% ao ano.

O governo avalia que o efeito desse aumento de juros será especialmente concentrado no segundo semestre deste ano, ajudando a reduzir a inflação. "O IPCA não terminará o ano próximo ao teto da meta", garantiu um técnico.

Câmbio

O governo também conta com o efeito da queda do dólar para ajudar no combate à inflação. Ontem (9), a moeda americana fechou cotada abaixo de R$ 2,20 pela primeira vez em cinco meses. Essa valorização do real barateia o preço de produtos importados, e ajuda a reduzir preços.

Em entrevista na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o governo não usa a taxa de câmbio para atenuar a alta de preços, mas admitiu que a valorização da moeda brasileira tem ajudado nessa tarefa.

Essa valorização recente do real é resultado, também, do aumento dos juros conduzido pelo Banco Central. Com a Selic a 11% ao ano, aumentou muito o diferencial entre as taxas praticadas no Brasil e aquelas que vigoram no resto do mundo.

Isso tornou mais atrativos os títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional. A maior entrada de dólares no País, por causa de investidores que querem aproveitar os juros, acaba fortalecendo o real.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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