"Até certo ponto o Banco Central precisa assumir o problema da inflação", afirmou o economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 15 de janeiro de 2013 às 20h30.
São Paulo - Em relatório encaminhado por e-mail na tarde desta terça-feira, o banco Goldman Sachs levanta a possibilidade de haver alguma mudança no tom do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a ser divulgado na noite da quarta-feira, após sua reunião de política monetária.
"O texto, normalmente enxuto, deve continuar sinalizando que a política de juros permanecerá a mesma no curto prazo, mas assumimos alguma probabilidade de que o Copom possa mexer com as expectativas futuras reconhecendo, de alguma maneira, que a dinâmica inflacionária tem sido mais rígida que o previsto", diz o texto, assinado pelo economista Alberto Ramos, que prevê manutenção da taxa Selic em 7,25% ao ano.
Segundo o banco, o desafio do Copom é que o balanço de riscos para a inflação parece ter se deteriorado nos últimos meses, dada uma série de fatores: os índices de preços acima do esperado em novembro e dezembro; avanço do uso da energia térmica mais cara; piora das expectativas de inflação; postura fiscal mais flexível e esperado aumento de preços de combustíveis na próxima semana. "Por outro lado, a perspectiva é de crescimento lento do PIB e a esperada recuperação da economia mantém-se ilusória", afirma o relatório.
Na opinião do economista, "até certo ponto o banco central precisa assumir o problema da inflação e reconhecer que apenas manter a política monetária no piloto automático pode não ser o suficiente para trazer a inflação em direção ao centro da meta de 4,5% ao final de 2013". "Esta era a narrativa de 2012 e a inflação não convergiu para o centro, apesar do crescimento mais fraco que o esperado", diz o texto.
Ramos lembra que o IPCA em 2012 ficou acima de 5% pelo terceiro ano consecutivo, registrando média de 6,1% entre 2010 e 2012. "Isso sugere que, aos olhos do mercado, as autoridades veem o amplo intervalo de 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo em torno do generoso centro de 4,5% mais como uma banda de tolerância do que como uma banda de variação para acomodar choques de preços", afirma.
Dessa forma, no texto, o banco diz assumir alguma probabilidade de que o Copom possa em algum momento no curto prazo ser forçado a se distanciar "da atual postura monetária estável por um período prolongado e mover-se para uma postura mais neutra e dependente dos dados". "Isso ajudaria o Banco Central a fortalecer sua credibilidade e seu o compromisso de perseguir a meta, e ainda evitaria ter de elevar a Selic em 2013", afirma.