Economia

Para economistas, efeito de uso do FGTS será pequeno

Intenção do governo de permitir que, em caso de demissão, parte da multa do FGTS possa ser usada para pagar o crédito consignado é vista como de pouco impacto


	Notas de real: "a ideia não é ruim, mas inócua", afirma especialista
 (Agência Brasil)

Notas de real: "a ideia não é ruim, mas inócua", afirma especialista (Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2016 às 10h55.

São Paulo - A intenção do governo de permitir que, em caso de demissão, parte da multa do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) recebida pelo trabalhador possa ser usada para pagar o crédito consignado, a fim de reativar a economia e reduzir a inadimplência, é vista pelos economistas como um medida positiva, mas de impacto pouco relevante.

"A ideia não é ruim, mas inócua", afirma o diretor de pesquisa econômica da GO Associados, Fabio Silveira. Segundo ele, o trabalhador vai pensar duas vezes antes de pegar um crédito consignado, o que deve atenuar a inadimplência.

Mas o problema maior, na opinião do economista, é que a medida não resolve a crise de crédito. Não foi por acaso que o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu esta semana de 1% para 3,5% a previsão de queda do Produto Interno Bruto(PIB) do País para este ano, lembra.

"As pessoas estão fugindo hoje de compromisso, elas não querem se endividar", observa Silveira. Por isso, ele não acredita que essa medida, se implantada, possa dar um impulso no consumo por meio da maior oferta de crédito, já que os bancos terão a garantia do pagamento em caso de demissão do trabalhador que contraiu o consignado. O economista prevê um aprofundamento da crise nos próximos seis meses com a desaceleração da economia da China.

Setor público

"A medida não é ruim, mas não me parece relevante", afirma o presidente do Insper, o economista Marcos Lisboa. Ele explica que a maior parcela do crédito consignado está ligada aos trabalhadores do setor público e aos pensionistas da Previdência. Em ambos os casos, os rendimentos estão garantidos. Por isso, ele considera que a medida, se adotada, terá um impacto pequeno para reativar a economia. É que a fatia de trabalhadores do setor privado que usa o crédito consignado e que poderia estar deixando de tomar financiamentos para consumo por causa do risco de perder o emprego é bem menor comparada à parcela dos empregados do setor público que estão nessa condição e que têm estabilidade no emprego.

Lisboa observa que o diferencial do crédito consignado, a grande alavanca do consumo nos últimos anos, é a taxa de juros menor comparada à cobrada nos empréstimos de uma linha de crédito comum.

Como o crédito consignado está vinculado ao salário do trabalhador da ativa ou ao benefício recebido pelos aposentados e pensionistas da Previdência, o risco de inadimplência era muito baixo quando a economia crescia e estava em pleno emprego. Isso permitiu que os bancos oferecessem linhas de crédito consignado aos trabalhadores com uma taxa de juros bem inferior à média do mercado. Mas, com a mudança de cenário e aumento da demissão, o quadro é outro e o risco de calote cresceu no setor privado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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