Economia

Para Collor, impeachment de Lugo é legal

Senador que há 20 anos foi destituído da Presidência pede moderação ao Itamaraty

O vice Itamar Franco ao lado do presidente Fernando Collor de Mello: ''A norma foi cumprida, não há que se falar em golpe de estado ou quebra da legalidade" (Orlando Brito/Veja)

O vice Itamar Franco ao lado do presidente Fernando Collor de Mello: ''A norma foi cumprida, não há que se falar em golpe de estado ou quebra da legalidade" (Orlando Brito/Veja)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de junho de 2012 às 19h34.

Brasília - O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), que há 20 anos foi destituído da Presidência por um impeachment do Congresso, considerou legal o processo similar sofrido por Fernando Lugo no Paraguai na sexta-feira passada e pediu moderação à diplomacia brasileira.

''A norma foi cumprida, não há que se falar em golpe de estado ou quebra da legalidade, o que só ocorreria se houvesse a desobediência às normas legais com o uso da força'', declarou o senador em discurso no plenário do Senado.

Collor, que também é presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, disse que o Brasil tem de respeitar as normas jurídicas do país vizinho.

''O Estado de Direito significa a existência de normas jurídicas. É o contrário da anarquia. Pressupõe a existência e o respeito às regras'', acrescentou o ex-presidente brasileiro, que teve os direitos políticos cassados por corrupção, embora a Justiça o tenha absolvido posteriormente das mesmas acusações.

No sábado, o governo brasileiro condenou o processo legislativo que destituiu Lugo do poder e empossou seu vice-presidente, Federico Franco. O Brasil convocou seu embaixador em Assunção para consultas e anunciou que estudará medidas contra o novo governo paraguaio.

Segundo Collor, a Constituição do Paraguai prevê a possibilidade de o Congresso submeter o presidente a um julgamento político por mau desempenho de suas funções e também autoriza o Legislativo a destituí-lo por votação, tal como aconteceu.

O senador esclareceu que a Constituição paraguaia não faz menções sobre qual deveria ser o ritmo desse processo e afirmou que ninguém pode considerá-lo como ilegal ou sumário.


Para ele, golpe de Estado significa uma ação fora da norma legal e que pressupõe o uso da força física, o que, em sua opinião, não ocorreu no Paraguai.

O parlamentar alagoano disse ainda que até a Corte Suprema do Paraguai rejeitou o recursos apresentado por Lugo para anular o julgamento e garantiu o mandato de seu sucessor.

Por essas razões, o ex-presidente qualificou a reação do governo brasileiro como ''açodada''. ''Parece que o governo brasileiro foi tomado de surpresa. Ou nossa representação não informou adequadamente sobre a evolução da crise ou os centros de poder em Brasília não tentaram influir, como fazendo uma composição com Lugo ou pedindo mais calma à oposição parlamentar'', ressaltou.

Collor defendeu uma atuação mais efetiva da diplomacia brasileira perante o Paraguai para amenizar a crise, já que, em sua opinião, um agravamento da crise pode incentivar Lugo a adotar uma posição mais radical e dificultar os interesses do Brasil na região.

Para o senador, a suspensão do Paraguai do Mercosul ou da União de Nações Sul-americanas (Unasul) aumentaria a gravidade da crise e contribuiria para a radicalização. ''Ainda cabe à diplomacia brasileira uma iniciativa de moderação e bom senso''.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaFernando Collor de MelloImpeachmentParaguaiPolítica no BrasilPolíticos brasileiros

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor