Economia

Países ricos pressionam Brasil na OMC

Estados Unidos, Europa, Austrália e Japão vão cobrar respostas às regras do IPI para carros


	Presidente Dilma Rousseff durante o discurso na Assembleia Geral da ONU, onde se defendeu de acusações sobre protecionismo
 (Spencer Platt/Getty Images/AFP)

Presidente Dilma Rousseff durante o discurso na Assembleia Geral da ONU, onde se defendeu de acusações sobre protecionismo (Spencer Platt/Getty Images/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de setembro de 2012 às 11h15.

Zurique, Suíça - Países ricos vão levar a atitude protecionista do Brasil à Organização Mundial do Comércio (OMC), elevando a pressão sobre o governo e deixando claro que não abandonarão as críticas enquanto o Brasil mantiver uma postura defensiva.

Na segunda-feira (24), governos dos Estados Unidos, da Europa, Austrália e do Japão vão cobrar respostas às regras do IPI para carros, consideradas injustas, e sobre as exigências e barreiras na abertura do mercado de telefonia 4G no Brasil, consideradas discriminatórias.

Não se trata de queixa nos tribunais da OMC. Mas a atitude dos países ricos é um sinal claro de que não vão apenas fazer discursos contra o Brasil. A decisão foi levar o caso ao Comitê de Investimentos da OMC, para escancarar a preocupação desses países com o Brasil.

Em maio, um primeiro sinal dessa insatisfação já havia sido levado à reunião na OMC. Mas, dessa vez, serão duas frentes de queixas. A reunião da segunda-feira (1/10) em Genebra tem nove pontos na agenda. Dois deles tratarão das queixas contra o Brasil.

A primeira é de EUA e Japão no setor de telecomunicações e a briga pelo acesso ao mercado de telefonia. Washington e Tóquio questionam as exigências do edital de licitação da faixa de 2,5 GHz - destinada ao serviço de quarta geração da telefonia móvel (4G).

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) exigiu conteúdo nacional mínimo de 60% para quem quisesse participar das licitações, incluindo equipamentos e sistemas. O leilão marcado para o dia 12 de junho arrecadou R$ 2,9 milhões.


Americanos e europeus já haviam apresentado queixas individualmente ao Brasil, temendo ficar de fora da licitação ou ser obrigados a mudar de fornecedores de peças nos EUA ou Europa. Agora, o Japão se une às queixas, mesmo após o primeiro leilão.

Carros

No item seguinte do debate na OMC, Austrália e União Europeia vão questionar a decisão do Brasil de reduzir o IPI para montadoras que façam investimentos e produzam seus carros no País. Ainda em 2011, o governo anunciou alta de 30 pontos porcentuais nas alíquotas de IPI para veículos que tenham menos de 65% de conteúdo nacional. Antes, o tributo variava de 7% a 25% e, com a medida, passou para 37% a 55%. A diferenciação continuou nos meses seguintes e, segundo a diplomacia dos países queixosos, criaram preferências para certas montadoras.

O Itamaraty não vê problemas nas críticas e se dispõe a esclarecer. "Vemos com muita tranquilidade esses questionamentos. As decisões brasileiras foram tomadas no rigoroso cumprimento das regras da OMC", disse o porta-voz do Itamaraty, embaixador Tovar Nunes. "Não temos dificuldades em explicar." Para o Itamaraty, nos dois casos que serão questionados, a decisão do governo é justificável pela necessidade de desenvolvimento da indústria nacional. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraProtecionismo

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto