Shanmugaratnam:“migração forçada, bem como a exportação do extremismo político, se tornarão realidade se observarmos um crescimento limitado e um grande número de pessoas desempregadas" (Takaaki Iwabu/Bloomberg)
Ligia Tuon
Publicado em 26 de julho de 2020 às 08h00.
Última atualização em 26 de julho de 2020 às 08h46.
As conquistas de economias emergentes nas últimas décadas correm risco de desmoronar, com consequências econômicas, sociais e políticas para o resto do mundo, de acordo com uma autoridade de Cingapura.
O alerta de Tharman Shanmugaratnam, ministro sênior e assessor econômico do primeiro-ministro de Cingapura, chega no momento em que a pandemia de coronavírus devasta a economia global e causa a pior crise desde a Grande Depressão.
“Quando pensamos no futuro da economia mundial, é fundamental saber se o mundo emergente emergirá ou se submergirá”, disse Tharman em conferência online organizada na quinta-feira pelo DBS Group.
Fatores como “migração forçada, bem como a exportação do extremismo político, se tornarão realidade se observarmos um crescimento limitado e um grande número de pessoas desempregadas, formal ou informalmente”, disse Tharman. “As consequências serão sentidas no mundo todo.”
Para evitar esse cenário, instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional precisarão conduzir a resposta econômica à pandemia, disse.
No mês passado, o Banco Mundial projetou que o PIB de mercados emergentes deve encolher pela primeira vez em pelo menos seis décadas. A instituição alertou que a pandemia e a recessão mundial aumentarão a pobreza em países menos desenvolvidos, bem como o ônus da dívida.
O foco coletivo de instituições multilaterais e países deve ser “evitar que o mundo emergente se torne um mundo submerso”, disse Tharman, acrescentando que o impacto seria global.
O G-20 disse que decidirá ainda neste ano se estende a atual suspensão dos pagamentos da dívida para países mais pobres.
Falando no mesmo painel, o ex-presidente do Banco Central da Índia Raghuram Rajan alertou que muitos países emergentes verão a relação dívida/PIB “disparar”.
O crescimento nesses países terá que ser impulsionado pela demanda externa, e os governos terão que pensar com sensatez nos custos que o setor financeiro terá de arcar, afirmou.
“A última coisa que você deseja, mais do que uma crise do setor corporativo, é uma crise do setor financeiro”, disse.
(Com a colaboração de Anirban Nag e Shwetha Sunil).