Exportações: mesmo que os países mantenham o veto, isso deve influenciar pouco no volume e faturamento dos embarques a partir de agora (Pablo Sanhueza/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de março de 2017 às 15h28.
São Paulo - Após o anúncio na manhã desta terça-feira, 28, de que Hong Kong retomará as compras de proteína animal brasileira, o setor exportador de carne bovina no País pôde respirar aliviado.
Embora a maior parte das unidades frigoríficas investigadas na Operação Carne Fraca, deflagrada no dia 17 de março pela Polícia Federal, trabalhe com carne de frango, o setor de bovinos foi um dos mais afetados com as restrições ao produto brasileiro no mercado externo.
Juntamente com China, que retirou a suspensão imposta às carnes brasileiras no sábado, Hong Kong representou no ano passado 33,57% do faturamento com exportações e 35,43% do volume embarcado, conforme dados compilados pela Associação das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
Já os outros países que ainda mantêm o veto total às carnes brasileiras - incluindo suína e de frango -, que são 13 (Argélia, Jamaica, Trinidad e Tobago, Panamá, Catar, México, Bahamas, São Vicente e Granadinas, Granada, São Cristóvão e Nevis, Marrocos, Zimbábue e Santa Lúcia), não alcançam 2% do faturamento e 2% dos embarques de carne bovina brasileira. Ou seja, mesmo que mantenham o veto, devem influenciar pouco no volume e faturamento dos embarques a partir de agora.
No ano passado, o Brasil exportou o equivalente a US$ 5,51 bilhões em carne bovina, com o embarque de 1,4 milhão de toneladas.
Só Hong Kong absorveu 330,5 mil toneladas (23,6% do total exportado pelo Brasil), pagando por elas US$ 1,14 bilhão (20,76% do total faturado em 2016).
Já a China comprou 165,7 mil toneladas (11,8%), com desembolso de US$ 706,2 milhões (12,8% do total), conforme a Abiec.
Os 11 mercados de menor peso para os embarques brasileiros, acima citados, compraram em 2016 apenas 24,5 mil toneladas (1,74%) de carne bovina, resultando num desembolso de US$ 95,3 milhões (1,72% do total). Lembrando que México e Zimbábue não adquirem carne bovina brasileira, nem mesmo processada ou enlatada.
Há, ainda, aqueles mercados que impuseram restrições apenas aos 21 frigoríficos investigados na Operação Carne Fraca. Embora os países que vetaram essas unidades estejam em importantes blocos importadores de carne bovina brasileira, o efeito também não deve ser tão prejudicial ao setor, já que boa parte das plantas não abate bovinos.
Os países que mantêm o veto aos 21 frigoríficos são Japão, África do Sul, União Europeia, Suíça, Arábia Saudita, Canadá, Emirados Árabes Unidos, Vietnã, Peru e Bahrein.