Economia

País tem ferramentas para proteger economia, diz Levy

Questionado sobre uso das reservas em um momento de disparada do dólar ante o real, Levy disse que essa é uma possibilidade

Joaquim Levy: "temos 370 bilhões (de dólares) de reservas, isso é um valor muito significativo" (Simon Dawson/Bloomberg)

Joaquim Levy: "temos 370 bilhões (de dólares) de reservas, isso é um valor muito significativo" (Simon Dawson/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2015 às 08h57.

São Paulo - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, destacou na noite de quinta-feira que o Brasil tem as ferramentas de proteção necessárias para garantir o bom funcionamento dos mercados e da economia num momento de turbulência.

Questionado sobre o uso das reservas em um momento de disparada do dólar ante o real, Levy disse que essa é uma possibilidade, mas que cabe ao Banco Central decidir. 

"Temos 370 bilhões (de dólares) de reservas, isso é um valor muito significativo. Então o Brasil está protegido. E também porque na área do Tesouro acumulamos a partir de março recursos adicionais que nos permitem nesse momento dar fôlego aos investidores", disse ele a jornalistas em evento da revista Isto É Dinheiro, em São Paulo.

Na quinta-feira, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que a autoridade monetária irá assegurar que o mercado de câmbio funcione de forma eficaz, e não descartou usar diretamente as reservas internacionais para segurar a escalada do dólar sobre o real.

Sobre o programa de swaps cambiais, o ministro da Fazenda afirmou que esse mecanismo serve como seguro, ou proteção, para as empresas, que segundo ele têm comprado uma parte significativa dos swaps e por isso têm conseguido enfrentar a alta do dólar.

"O swap não é feito para interferir, mas ao mesmo tempo permite que as reservas que o Brasil tem sejam usadas de forma eficiente para proteger o setor produtivo", disse Levy.

Com o dólar rompendo a barreira dos 4 reais, o BC intensificou suas intervenções no câmbio nesta semana com leilões de venda de dólares com compromisso de recompra e leilão de novos swaps cambiais.

Na quinta-feira, o dólar chegou a 4,2491 reais na máxima da sessão, mas fechou cotado a 3,9914 reais após as declarações de Tombini.

Sem ambiguidade fiscal

Levy ainda defendeu o corte de gastos e o combate à inflação para que o país possa voltar a crescer, e avaliou que apesar das dificuldades, a economia brasileira está se recuperando.

"O Brasil não pode ter ambiguidade fiscal, assim como o Brasil tem que continuar firme no trabalho de redução da inflação...temos que ter isso permanentemente em mente", disse o ministro em discurso no evento.

"Onde há ambiguidade, as coisas começam a ficar à deriva e nós não queremos isso." Levy voltou a afirmar que os cortes de gastos são fundamentais, mas que não podem ser indiscriminados, ao defender uma avaliação da qualidade do gasto público.

Em meio a críticas de que o governo estaria promovendo o ajuste fiscal apenas pelo lado da receita, Levy disse que neste ano a economia que está sendo feita é de 80 bilhões de reais em relação aos gastos autorizados pelo Orçamento votado em abril pelo Congresso. "São 80 bilhões de economia que o governo está fazendo este ano", disse.

Levy destacou que até os "episódios do começo deste mês" a inflação vinha convergindo para a meta, o que, segundo ele, é um reflexo do trabalho feito no começo do ano.

"Pela primeira vez em muitos anos as expectativas de inflação estavam convergindo para 4,5 por cento. Isso é muito importante para qualquer pessoa que faz plano de negócios", declarou.

Acompanhe tudo sobre:CâmbioDólareconomia-brasileiraJoaquim LevyMoedas

Mais de Economia

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto

Manifestantes se reúnem na Avenida Paulista contra escala 6x1

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta