Economia

País sobe um degrau em ranking de competitividade, mas segue entre últimos

Brasil sobe pelo segundo ano seguido em ranking da escola de negócios suíça IMD, mas amarga a 59ª posição entre 63 países

Crianças em seu caminho para a escola em região da Amazônia. Brasil2/Getty Images (Brasil2/Getty Images)

Crianças em seu caminho para a escola em região da Amazônia. Brasil2/Getty Images (Brasil2/Getty Images)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 28 de maio de 2019 às 15h00.

Última atualização em 28 de maio de 2019 às 15h00.

São Paulo — O Brasil subiu uma posição no Anuário de Competitividade Mundial (World Competitiveness Yearbook – WCY) mas segue entre os últimos colocados no ranking, prejudicado por fatores como educação, contas públicas e emprego.

Na edição do ano passado, o Brasil teve primeira melhora relativa em competitividade desde 2010, indo da 61ª para a 60ª posição entre 63 países avaliados.

Na edição 2019, divulgada nesta nesta terça-feira (28), o Brasil subiu mais um degrau e ficou na 59ª posição, na frente apenas de Croácia, Argentina, Mongólia e Venezuela.

O ranking é divulgado há 30 anos pela escola de negócios suíça IMD (International Institute for Management Development) e considera 235 dados em cinco pilares.

Eles incluem indicadores estatísticos e os resultados de uma pesquisa de opinião realizadas entre novembro e abril com executivos que passaram ao menos um ano vivendo no país.

"Nesse ano ficou difícil de prever como a atual administração e as reformas poderão impactar na competitividade do país . O que nos resta é sermos pacientes e ver o que acontece", conclui diz Jose Caballero, economista do centro de competitividade do IMD.

Performance econômica

A melhora tímida do Brasil no último ano refletiu em parte avanços no pilar de Performance Econômica. O indicador de investimentos externos, por exemplo, foi da 23ª para a 19ª posição.

"A taxa de juros mais baixa por um período maior e a inflação reduzida e sustentada, aliadas ao potencial do mercado brasileiro, justificam o maior fluxo de capital estrangeiro", diz Caballero.

Outros fatores que também melhoraram de um ano para o outro foram preços (da 43ª para a 42ª posição) e economia doméstica (do 50º para o 49º lugar). Os outros dois indicadores do pilar - comércio exterior e emprego - tiveram queda de um ano para o outro. 

"Em relação a performance da economia, tem havido um mistura de bom e ruim para Brasil neste ano. E não é só por causa do que está acontecendo na economia global; as incertezas políticas e econômicas têm impacto sobre o comércio exterior do país", diz Caballero.

O subfator de comércio exterior caiu mais uma posição neste ano, indo do 50º para o 51º lugar e o subfator "Finanças públicas", que mede a forma como o governo gerencia seus gastos, foi do último para o penúltimo lugar e agora só perde para a Venezuela.

Os déficits primários (receitas menos despesas antes de pagar os juros da dívida) que o Brasil vem apresentando corroboram a avaliação. O país fechou 2018 com as contas no vermelho pelo quinto ano consecutivo.

O subfator emprego teve uma queda ainda mais dramática: foi de 48º no ranking do ano passado para 56º neste ano. No indicador de "mercado de trabalho", o país foi chutado da 35ª posição para a 50ª.

A taxa de desemprego no país subiu para 12,4% nos três meses até fevereiro, atingindo 13,1 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representou um aumento de 7,3% em relação ao trimestre anterior.

O desemprego também prejudicou o país no ranking do pilar "eficiência para negócios", que foi do 50º para o 57º lugar. Outro subfator desse pilar, "Produtividade e Eficiência" foi do 59º para o 61º lugar.

No pilar infraestrutura, o Brasil caiu da 52ª para a 54ª posição de um ano para o outro puxado especialmente pelo item Eduucação, que foi do 60º para o 61º lugar de um ano para o outro. Esse critério é um dos mais preocupantes para o Brasil, segundo Caballero.

"Países que querem se ranquear melhor em competitividade devem focar não só no jogo de curto prazo, mas também no longo prazo", avalia o professor.

Ele também ressalta que a América Latina é um destaque negativo em termos de desigualdade social, e mesmo assim o Brasil é quem tem os piores resultado.

No índice de Gini, o país está em penúltimo colocado no ranking geral e em desigualdade de gênero, fica na 58ª posição.

O pilar da Eficiência Governamental permanece com todos os subfatores bem baixos, com exceção de politica de juros, que pulou da 40ª para a 38ª posição.

Veja o ranking completo:

1 - Singapura
2 - Hong Kong
3 - EUA
4 - Suíça
5 - Emirados Árabes
6 - Holanda
7 - Irlanda
8 - Dinamarca
9 - Suécia
10 - Qatar
11 - Noruega
12 - Luxemburgo
13 - Canadá
14 - China
15 - Finlândia
16 - Taiwan (China)
17 - Alemanha
18 - Austrália
19 - Áustria
20 - Islândia
21 - Nova Zelândia
22 - Malásia
23 - Reino Unido
24 - Israel
25 - Tailândia
26 - Arábia Saudita
27 - Bélgica
28 - Coreia do Sul
29 - Lituânia
30 - Japão
31 - França
32 - Indonésia
33 - República Tcheca
34 - Cazaquistão
35 - Estônia
36 - Espanha
37 - Eslovênia
38 - Polônia
39 - Portugal
40 - Letônia
41 - Chipre
42 - Chile
43 - Índia
44 - Itália
45 - Rússia
46 - Filipinas
47 - Hungria
48 - Bulgária
49 - Romênia
50 - México
51 - Turquia
52 - Colômbia
53 - Eslováquia
54 - Ucrânia
55 - Peru
56 - África do Sul
57 - Jordânia
58 - Grécia
59 - Brasil
60 - Croácia
61 - Argentina
62 - Mongólia
63 - Venezuela

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