Economia

País precisa abrir mercado ferroviário, diz especialista

A opinião do especialista está inspirada na experiência do próprio Reino Unido na formação do modelo ferroviário que vigora desde os anos 1990

Ponte em obra inacabada da ferrovia Transnordestina (Governo Federal/ Divulgação)

Ponte em obra inacabada da ferrovia Transnordestina (Governo Federal/ Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 15 de junho de 2014 às 13h56.

São Paulo - A reforma na modelagem do sistema ferroviário brasileiro tem que rumar na direção da abertura de mercado para facilitar a entrada de um grande número de empresas e, assim, garantir preços competitivos para usuários deste meio de transporte.

A opinião é do especialista em ferrovias Jake Rudham, que faz parte da agência do governo britânico responsável por negócios em outros países, a UK Trade Investment.

O especialista, que está no Brasil para garimpar as oportunidades do setor, falou com exclusividade ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

"O Brasil necessita de um direcionamento para a abertura do mercado ferroviário", disse o representante. De acordo com ele, as companhias britânicas procuram por oportunidades internacionais e vislumbram possibilidade de investimentos tanto em países com grande desenvolvimento ferroviário, como Estados Unidos e Austrália, quanto em mercados carentes, a exemplo de nações africanas e do Oriente Médio.

"Se o Brasil quiser se tornar um dos lugares visados pelos investidores, ele precisa encontrar uma maneira de tornar o ambiente mais fácil e aberto para os negócios", afirmou Rudham.

A opinião do especialista está inspirada na experiência do próprio Reino Unido na formação do modelo ferroviário que vigora desde os anos 1990, quando o país realizou as privatizações do setor. Os britânicos adotaram o modelo open access, o mesmo que o Brasil vai implementar a partir das próximas concessões ferroviárias.

Este sistema mantém uma separação entre construtor e operadores dos trens. A capacidade da ferrovia é disponibilizada para as empresas especializadas no transporte de carga. O gerenciamento da capacidade é feita por um órgão ligado ao governo, a Valec no caso brasileiro e a Network Rail no Reino Unido.

Atualmente, sete empresas operam frete nas linhas que cortam o Reino Unido. Os preços são livres e, segundo o especialista britânico, são competitivos a ponto de o sistema recuperar parte do mercado perdido para o modal rodoviário anos antes - apenas no transporte ferroviário de passageiros há uma intervenção governamental, que oferece subsídios.

"Em um mercado em que qualquer empresa pode operar frete, não necessita de controle de preços", afirmou Rudham. "A economia inglesa é historicamente aberta e levamos esse princípio ao sistema ferroviário", disse. Na última década, o transporte de carga realizado pelas ferrovias britânicas cresceu em torno de 50%.

Brasil

Rudham veio a São Paulo pela primeira vez nesta semana para entender as intenções do governo brasileiro no setor ferroviário e encontrar possíveis investimentos no País para companhias britânicas. Por isso, ele não menciona projetos específicos que estão no radar de investidores do mercado brasileiro.

O representante do governo britânico fala do Brasil com entusiasmo em relação a oportunidade de negócios, mas faz ressalvas quanto ao ambiente de negócios.

"Cinco anos atrás, o investidor estrangeiro olhava o Brasil com grande entusiasmo, mas a realidade é que não é o lugar mais fácil para fazer negócios", afirmou Rudham.

Ele disse que muitos projetos para o País ainda estão na mesa e que o investidor estrangeiro necessita de tempo para entender como os negócios são conduzidos no Brasil. "Mas o País definitivamente tem um grande potencial e é reconhecido como um lugar de grandes oportunidades", disse o especialista.

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