Depois de tomar medidas para desvalorizar o real em 16 por cento nos últimos dois anos, o governo agora dá apoio às iniciativas para voltar a valorizar o real (Marcos Santos/USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 6 de fevereiro de 2013 às 08h08.
São Paulo - O governo está descobrindo que vencer a guerra cambial pode significar na verdade sair perdendo.
Depois de tomar medidas para desvalorizar o real em 16 por cento nos últimos dois anos, com o argumento de que a política monetária nas maiores economias desenvolvidas estava enfraquecendo dólar e inflando as de emergentes, o governo agora dá apoio às iniciativas para voltar a valorizar o real.
Em vez de ter o efeito desejado de impulso à economia doméstica, o real mais fraco fez pouco mais além de aquecer a inflação, que superou o centro da meta de 4,5 por cento nos últimos 29 meses.
Sinais de que o governo quer um real mais forte para evitar a estagflacão ficaram evidentes na semana passada, quando foram tomadas medidas como a isenção do Imposto sobre Operações Financeiras para fundos imobiliários, o que ajudou o dólar a cair à menor cotação desde julho de 2012.
“Continuamos falando em guerra cambial, mas não estamos fazendo o dever de casa em termos de melhorar o ambiente para negócios e tentar encontrar políticas que não prejudiquem o investimento”, disse Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central e hoje dono da consultoria Schwartsman e Associados, em entrevista por telefone de São Paulo em 31 de janeiro. “Qualquer que seja esse novo regime, tem sido um fracasso.”
O Ministério da Fazenda não respondeu a pedidos de comentários feitos por e-mail e telefone. O BC disse que não mudou a política cambial de permitir que o mercado determine a taxa de câmbio, e pode comprar dólares para acumular reservas quando oportuno ou vender dólares para dar liquidez se necessário.