Economia

País passou por recessão técnica no 1º semestre, diz FGV

O PIB recuou 0,45% no segundo trimestre deste ano, após ter diminuído 0,12% nos primeiros três meses


	Segundo o IBGE, a última vez que a economia brasileira passou por uma recessão técnica, quando há dois resultados negativos consecutivos, foi no início de 2009
 (Diego Giudice/Bloomberg News)

Segundo o IBGE, a última vez que a economia brasileira passou por uma recessão técnica, quando há dois resultados negativos consecutivos, foi no início de 2009 (Diego Giudice/Bloomberg News)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de agosto de 2014 às 11h38.

Rio - A economia brasileira passou por uma recessão técnica no primeiro semestre de 2014. O Produto Interno Bruto (PIB), soma da renda gerada no país, recuou 0,45% no segundo trimestre deste ano, após ter diminuído 0,12% nos primeiros três meses, sempre em relação ao trimestre imediatamente anterior, de acordo com estimativa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), por meio do Monitor do PIB.

O indicador busca antecipar os rumos da atividade seguindo a mesma metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão responsável pelo cálculo oficial.

Segundo o IBGE, a última vez que a economia brasileira passou por uma recessão técnica, quando há dois resultados negativos consecutivos, foi no início de 2009, na esteira da crise financeira mundial.

"Mas, quando vier o dado do terceiro trimestre, se for positivo, é possível que para trás mude. Por isso, preferimos não falar em recessão, pois o resultado negativo (do primeiro trimestre) pode desaparecer (em função do ajuste sazonal)", pondera Claudio Considera, pesquisador associado do Ibre/FGV e responsável pelo Monitor do PIB. O economista já esteve à frente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE e atuou como secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda.

Os relatórios do Monitor do PIB até então não contavam com dados ajustados sazonalmente, que permitem visualizar o resultado na comparação com o período imediatamente anterior. Na segunda-feira, 25, a instituição divulgou com exclusividade ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o primeiro relatório nestes moldes.

Atividades

O desempenho ruim entre abril e junho se deveu principalmente à indústria, cujo PIB teve retração de 2,25% em relação ao primeiro trimestre. A indústria de transformação e a construção tiveram, segundo o Monitor, o quarto trimestre seguido de retração. "É algo assustador, não é pouco não", diz Considera. Entre abril e junho, apenas a indústria extrativa mostrou expansão.

Os serviços, que correspondem a dois terços da economia brasileira, também puxaram o resultado para baixo, com queda de 0,32% no período. A única atividade que permaneceu no azul foi a agropecuária, com elevação de 1,52% no segundo trimestre em relação ao primeiro.

Em 12 meses até junho, o PIB acumula avanço de 1,4%, segundo o Monitor. Os dados oficiais sobre a atividade econômica no segundo trimestre serão conhecidos na próxima sexta-feira, quando o IBGE divulga os resultados das Contas Nacionais Trimestrais.

Há algumas semanas, o mercado tem ventilado a possibilidade não só de uma contração no segundo trimestre, mas também de uma revisão do resultado anterior.

Em 30 de maio, o IBGE anunciou que a economia cresceu 0,2% no primeiro trimestre em relação aos três últimos meses do ano passado, mas a expectativa é de que esse número fique negativo por causa do desempenho da indústria, caracterizando a recessão técnica.

A metodologia do Monitor do PIB é "idêntica" à utilizada pelo IBGE, garante Considera, e a margem de erro perante o dado oficial tem sido pequena. Os relatórios são apurados somente pela ótica da oferta, mas a ideia é, no futuro, expandir a análise para a ótica da demanda (que permite visualizar investimentos, consumo das famílias e do governo e importações e exportações).

O indicador ainda difere das projeções do Ibre/FGV, que por sua vez são feitas pelo Departamento de Economia Aplicada da instituição.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraEmpresasEstatísticasFGV - Fundação Getúlio VargasIBGEIndicadores econômicosPIBPIB do Brasil

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo