Economia

País está em ajuste externo, fiscal e monetário, diz Tombini

De acordo com o presidente do BC, o Brasil passa hoje por três ajustes importantes no campo da economia e finanças: o do setor externo, o monetário e o fiscal


	Presidente do Banco Central: o BC revisou de US$ 81 bilhões para US$ 65 bilhões sua estimativa para o rombo externo de 2015
 (Valter Campanato/ABr)

Presidente do Banco Central: o BC revisou de US$ 81 bilhões para US$ 65 bilhões sua estimativa para o rombo externo de 2015 (Valter Campanato/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de setembro de 2015 às 14h16.

Brasília - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, enfatizou nesta quinta-feira, 24, a boa reação do setor externo à nova realidade econômica do País.

De acordo com ele, o Brasil passa hoje por três ajustes importantes no campo da economia e finanças: o do setor externo, o monetário e o fiscal.

"Na área externa, o ajuste vem se processando à velocidade superior a que todos esperavam inicialmente. Se eu pudesse resumir essa parte de três ajustes, temos este ano de 2015 uma previsão para o déficit em conta corrente US$ 40 milhões inferior ao de 2014, o que é bom", afirmou, durante apresentação do Relatório Trimestral de Inflação.

O BC revisou de US$ 81 bilhões para US$ 65 bilhões sua estimativa para o rombo externo de 2015.

Segundo o presidente, esse movimento é resultado de uma economia que está em contração, mas também do ajuste de preços relativos que tem ocorrido no Brasil , o que reduz a necessidade de financiamento do país em 2015.

"Esta nova projeção para o conta corrente representa cerca de 3,7% do PIB, o que não deixa de ser uma boa notícia, pois requer menos recursos vindos de fora", comentou.

Outro lado de impacto do setor externo é o processo de substituição de importações e isso se reflete na contribuição das exportações líquidas no PIB deste ano.

"Pela primeira vez desde 2005, é a primeira vez que acontece", voltou a enfatizar. "Esse ajuste externo é muito importante que se processe nesse período", continuou.

Aperto e reancoragem

Tombini afirmou que o BC apertou as condições monetárias ao longo dos últimos dois anos e meio. Segundo ele, o Brasil tem um processo que vem de algum tempo de reancoragem das expectativas de inflação no longo prazo e também no médio prazo.

"Parte desse ajuste é o realinhamento dos preços administrados, que crescem mais de 15% este ano. Isso, junto com valorização do dólar nos últimos 12 meses, tem pressionado a inflação no curto prazo e vimos a expectativa para 2015 subindo a despeito da estabilidade para 2016", disse.

Segundo ele, os agentes de mercado esperam uma desinflação da economia brasileira, algo entre 3,5 e 4 pontos porcentuais em IPCA entre 2015 e 2016.

"Esse processo tem evoluído, temos tido resultados importantes de circunscrever o máximo possível os feito de curto prazo para horizontes de mais longo prazo", afirmou.

Ajuste fiscal

O presidente do Banco Central destacou que o ajuste fiscal vem ocorrendo, uma parte via preços administrados, que requerem menos aportes para segmentos específicos.

Ele afirmou ainda que o governo tem tido esforços no sentido de contenção de despesas e de busca de novas receitas.

"Não vou me alongar nessa parte do ajuste, mas posso dizer que as expectativas dos três ajustes indicam que eles têm se processado em velocidade inferior do que se inicialmente estimava", afirmou.

Tombini disse ainda que esse processo tem tido repercussões sobre variáveis financeiras e sobre os prêmios de risco da economia.

"Isso tem contribuindo para depreciação mais forte do real, de um lado acelerando ajuste externo e de outro reduzindo a revisão para baixo das expectativas de inflação", afirmou.

Segundo ele, esses ajustes fazem parte do reequilíbrio da economia brasileira e lá na frente vai contribuir bastante para o crescimento sustentável.

Ambiente internacional

O presidente do BC comentou que há hoje um ambiente internacional de transição. Ele lembrou da economia chinesa, que tem mudado do modelo exportador, calcado no setor manufatureiro, para um modelo onde o consumo interno é maior.

"Esperamos peso maior no setor de serviços. Esse ajuste tem ocorrido e é sujeito a volatilidade ao longo do processo. Temos nossa visão de que a China tem todos os instrumentos para fazer essa transição o mais suave possível", afirmou.

Tombini também disse que tem a perspectiva de que a nova fase de normalização da economia dos EUA comece em breve. "É importante que isso se dê com comunicação mais clara possível, de maneira a reduzir o nível de ansiedade e volatilidade nos mercados internacionais", avaliou.

Acompanhe tudo sobre:Alexandre TombiniBanco CentralEconomistasIndicadores econômicosMercado financeiroPersonalidadesPIB

Mais de Economia

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto

Manifestantes se reúnem na Avenida Paulista contra escala 6x1

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade