Libra: "O resultado do referendo, como era esperado, pode levar a um choque para a economia britânica" (Luke MacGregor / Reuters)
Da Redação
Publicado em 1 de julho de 2016 às 11h01.
Londres - O ministro das Finanças do Reino Unido, George Osborne, admitiu nesta sexta-feira que o país não poderá cumprir com seu objetivo de alcançar um superávit para o período 2019/20 devido à incerteza gerada pelo "Brexit".
Em declarações em Manchester (norte da Inglaterra), Osborne disse que "devemos ser realistas na hora de alcançar o superávit", e advertiu que o resultado do referendo europeu pode ter um efeito "negativo" na economia do país.
O ministro, cujo objetivo era alcançar em 2020 um superávit de 0,4%, insistiu na necessidade de reduzir a incerteza depois que os britânicos votaram a favor da saída da União Europeia (UE) no referendo de 23 de junho.
"O resultado do referendo, como era esperado, pode levar a um choque para a economia britânica. A forma como respondemos determinará o impacto nos empregos do povo e no crescimento econômico", afirmou o chamado "chanceler do Exchequer".
Segundo explicou, o Banco da Inglaterra pode ajudar, mas o governo "deve fornecer credibilidade fiscal, portanto vamos continuar sendo duros com o déficit, mas devemos ser realistas na hora de alcançar o superávit para o final desta década".
"Necessitamos reduzir a incerteza atuando o mais rápido possível (ao estabelecer) uma nova relação com a Europa e ser mais competitivos", acrescentou o titular de Economia.
Desde 2010, o governo conservador de David Cameron aplicou um duro programa de austeridade para reduzir o déficit e Osborne tinha marcado como objetivo alcançar um superávit de 0,4% em 2019/20.
Este superávit era um dos mais importantes objetivos do ministro, cujo futuro é também incerto porque não está claro que continue em seu posto, uma vez que ocorra a saída de Cameron antes de outubro após anunciar sua intenção de renunciar pelo "Brexit".
Antes do referendo, o governo tinha estimado que o Produto Interno Bruto (PIB) britânico cresceria neste ano 2%, contra 2,4% previsto em novembro.
Também calculou que em 2017 o PIB crescerá 2,2%, 2,1% em 2018, 2019 e 2020, embora os números devam ser revisados agora.
O voto a favor da saída da UE também teve um impacto na qualificação da dívida do Reino Unido.
A agência Standard & Poor's (S&P) retirou esta semana a nota máxima, de "AAA", e a rebaixou até "AA", com perspectiva negativa, pela incerteza gerada.