Economia

Oposição critica intervenção; alega desvio de foco da Previdência

Parlamentares consideraram a medida como excessiva, e citaram que a tentativa do governo é desviar o foco da "derrota" na reforma da Previdência

Temer: decreto assinado pelo presidente provocou reações negativas de integrantes da oposição nas redes sociais (Marcos Corrêa/Agência Brasil)

Temer: decreto assinado pelo presidente provocou reações negativas de integrantes da oposição nas redes sociais (Marcos Corrêa/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de fevereiro de 2018 às 14h54.

São Paulo - A intervenção federal na segurança pública do Rio, decretada pelo presidente Michel Temer nesta sexta-feira, 16, provoca reações negativas de integrantes da oposição nas redes sociais. Ainda antes do decreto ser assinado, parlamentares criticaram a medida, que consideram ser excessiva, e citaram que a tentativa do governo é desviar o foco após a "derrota" na reforma da Previdência, cuja tramitação sofre ainda mais incertezas após a medida anunciada nesta sexta-feira.

A tese de que a situação está sendo usada pelo governo para desviar o foco da reforma foi endossada pela presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR). "Sem votos para aprovar a reforma da Previdência governo muda pauta e aceita pedido de intervenção no Rio. A situação da segurança lá é grave, mas fiquemos alertas que pode vir junto mais repressão aos movimentos sociais e mais suspensão de direitos constitucionais", disse a senadora, em texto publicado no Twitter.

O deputado federal Wadih Damous (PT), que é do Rio de Janeiro, criticou o governador Fernando Pezão (MDB) e considerou a intervenção uma medida excessiva. "Incompetência do governador, cujo governo não elaborou plano de segurança pública para o carnaval, não é motivo de para intervenção federal. O ilegítimo tenta encobrir fraquezas e as vítimas serão os pobres e favelados", disse o parlamentar, na mesma rede social. "O que precisamos no Rio é de uma intervenção popular", completou.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), em sua conta no Twitter, classificou a intervenção como "desnecessária" e relacionou a medida com a tensão envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tenta reverter condenação em segunda instância. "A intervenção no Rio é mais um passo da quebra do pacto democrático no País. Medida desnecessária, é a radicalização que o governo promove frente as greves que se avizinham e a tensão contra a ameaça de prisão do Lula pode levar. Os setores democráticos devem rechaçar essa medida."

Já o senador Renan Calheiros (MDB-AL) cobrou uma ação maior do governo na ajuda aos Estados. "A intervenção é inevitável. Mas, a continuar a omissão na segurança pública e no apoio aos estados, todo mês teremos novas ocupações com danos à democracia".

O parlamentar, antes aliado ao governo Michel Temer, chegou a comemorar a intervenção, considerando que a medida pode interromper a tramitação da reforma da Previdência no Congresso. Renan é contrário à emenda proposta por Temer para mudar as regras de aposentadoria. "Pelo menos, a maldade com as aposentadorias fica constitucionalmente suspensa", escreveu no Twitter.

O tema é um dos assuntos mais comentados no Twitter nesta sexta-feira. O termo "intervenção militar", "forças armadas", "exército" e "segurança" estão entre os temas mais comentados pelos internautas na rede social. Nas publicações, é possível verificar que há uma confusão entre a medida decretada por Temer e uma intervenção das Forças Armadas semelhante ao governo militar.

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